Opinião: Por quê tantos lançamentos de câmeras?

Quem acompanha este Blog sabe que está havendo uma enxurrada de lançamentos de câmeras no mercado fotográfico mundial.

Isso fica mais claro ainda quando lembramos que durante muitos meses a imprensa internacional voltada para o campo da fotografia simplesmente não tinha notícias sobre novos equipamentos para publicar.

De repente tudo muda, começando pelos sites de rumores e terminando no veículos mais sérios falando de novos lançamentos de câmeras. O que aconteceu?

Bem, é preciso lembrar em primeiro lugar que o mercado fotográfico como um todo está encolhendo à olhos vistos. No mundo todo as vendas de câmeras do tipo compacto foram reduzidas a praticamente zero com o advento do smartphone com câmera.

Depois disso as vendas de câmeras DSLR, as famosas Reflex Digitais, decaíram um pouco para se estabilizar num mercado voltado mais para os fotógrafos profissionais do que para o público amador.

Isso até pode parecer uma notícia boa mas, ao mesmo tempo, a demanda por servições desses fotógrafos profissionais caiu em todo o mundo (menos na Asia) diminuindo os recursos financeiros que esses profissionais poderiam ter para comprar novos e caros equipamentos fotográficos.

 

A pressão nos lançamentos de câmeras

Ao mesmo tempo a entrada no mercado fotográfico de novas tecnologias e abordagens, caso das câmeras Mirrorless, criou mais pressão ainda nos fabricantes tradicionais de câmeras DSLR.

O mercado de câmeras Mirrorless está fazendo 10 anos e mesmo nele muitas empresas não se deram bem, caso da Samsung e mesmo da Nikon, com sua linha Nikon 1.

O advento das câmeras Mirrorless com sensor Fullframe e desempenho profissional acabou criando uma ansiedade enorme nos fabricantes que estavam fora desse mercado.

Mesmo a Canon e a Nikon, que virtualmente dominam o mercado fotográfico internacional com suas DSLRs, sentiram a situação e partiram para um decisão que para muitos pareceu arriscada: o desenvolvimento de uma linha de câmeras sem espelho com performance profissional, para concorrer com a da Sony.

Além disso, a maior feira de equipamentos fotográficos do mundo, a Photokina, se tornará anual à partir desse ano permitindo a divulgação de novos lançamentos de câmeras.

A feira acontece agora em setembro e estará voltada para apresentar as novidades que serão vendidas no Natal.

Essa é uma outra coisa interessante que acontece no mercado fotográfico: mesmo as câmeras voltadas para o público profissional são tratadas como produtos de “consumer eletronics” (eletrônicos de consumo).

É por isso que datas comemorativas e festivas fazem tanto sentido no caso desses lançamentos fotográficos.

Aliás, é bom lembrar que alguns fabricantes da linha Mirrorless produzem câmeras com apelo no Design para encantar o comprador.

Olympus e Fujifilm, principalmente, foram buscar em um estilo retrô um componente de sedução à mais para incrementar a venda de suas câmeras e lentes.

Até mesmo a Nikon tentou isso com sua DF, uma câmera Fullframe que sinceramente não tem muitos atrativos e que não fez muito sucesso.

 

Outras explicações

É de chamar a atenção para o fato de que a Leica, com suas caríssimas e exclusivas câmeras digitais, continue indo em frente, fazendo lançamentos de câmeras e mantendo seu status no mercado fotográfico.

O público da empresa alemã vê seus equipamentos de uma maneira completamente diferente do público da Canon, por exemplo.

Leicas são objetos de desejo e de “colecionismo”, essa vontade do ser humano de possuir e proteger algo por causa de uma dimensão afetiva.

Apesar da tecnologia, qualidade da imagem e história das câmeras e lentes da Leica seus altos preços e novos lançamentos de câmeras só podem ser justificados à partir daí.

Se não fosse o “mercado de luxo”, digamos assim, a empresa já teria fechado ou mudado.

Esse “colecionismo”, usado de certa maneira pela Pentax na manutenção de seu público pequeno mas fiel, é fácil de ser entendido pelos fotógrafos profissionais que atuam com Moda ou com Fine Art, campos onde o desejo é importante.

Até mesmo empresas novas como a Chinesa Yi pensam nisso. A Yi M1 lembra de certa maneira uma câmera Mirrorless da Leica, por uma fração do preço.

Ainda é um produto novo e que talvez não tenha continuidade mas mostra a força que a ideia do Design e do estilo tem no lançamentos de câmeras nos fabricantes “emergentes”.

 

O que esperar?

Até o final do ano a Canon deve enfim mostrar (mas talvez não lançar) sua nova linha de câmeras Mirrorless Fullframe.

A Fufjifilm também deve mostrar sua nova X-T3 com sensor X-Trans e formato APS-C. É bom lembrar que a Fufjifilm deu um salto em relação ao tamanho do sensor quando lançou a X-H1, câmera Mirrorless com sensor muito maior, de Médio Formato.

A Olympus e a Panasonic andam meio caladas. Alguns comentaristas indicam que elas talvez sejam obrigadas a rever suas estratégias.

Qual seria o futuro das suas câmeras com sensor M4/3 num mundo de câmeras sem espelho com sensor muito maior, como o Fullframe?

Eu prefiro lembrar que as câmeras com sensor M4/3 são mais leves, mais baratas e muito boas do ponto de vista da qualidade de imagem, além de serem lindas!

Outro detalhe inesperado são os lançamentos de smartphones com câmeras de alta qualidade. A Huawei já lançou o P20 Pro, considerado atualmente o melhor smartphone com câmera, e agora a Oppo, outra fabricante chinesa, está lançando um smartphone também com 3 câmeras traseiras.

É interessante notar como os Chineses estão interessados em usar o que aprenderam produzindo câmeras e lentes dos outros em suas próprias marcas. Será que um “player” Chinês modificaria o mercado de fotografia?

É bom lembrar do caso das lentes intercambiáveis e flashes da YongNuo, muito mais baratos e de boa qualidade!

No aqui no Brasil precisamos mesmo é saber se esse furacão que vivemos veio para ficar ou vai passar, hehehe. De resto fotografar por aqui continua sendo uma mistura teimosia e reza brava!