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O futuro incerto das câmeras DSLR

Desde o começo do ano alguns rumores tem sido divulgados de que enfim os fabricantes de câmeras profissionais DSLR estariam mergulhando no mundo da tecnologia Mirrorless.

Para quem não sabe, a categoria de câmeras Mirrorless é chamada assim pois seus equipamentos não apresentam o tradicional espelho que reflete a luz que passa pela lente para o visor, por onde enquadramos a fotografia.



Apesar dessa tecnologia ter sido introduzida em 2004 pela Epson, logo seguida pela Leica, o mercado só entendeu bem o conceito em 2009 com o lançamento da Panasonic Lumix DMC-G1, com sensor M43 (Micro Four Thirds), e de lá para cá essa categoria só cresceu.

Agora, com muitos profissionais migrando para as câmeras Mirrorless da Fujifilm, Panasonic, Olympus e principalmente, da Sony, as duas grandes fabricantes de câmeras “com espelho” chamadas Digital Single Lens Reflex (DSLR), estão se movimentando.

Numa câmera Mirrorless o sensor não fica encoberto por um espelho

 

Os rumores começam com a Sony

Em primeiro lugar, durante uma entrevista ao Dpreview.com, o Gerente Geral da divisão de Imagem da Sony, Kenji Tanaka, soltou algumas pérolas. Segundo Tanaka, ” Se as câmeras vão evoluir, os fabricantes tem que desenvolver tecnologias sem espelho”.



A frase foi dita ao ser questionado sobre quanto tempo ainda levaria para Canon e Nikon entrarem no campo das câmeras Mirrorless com sensor Fullframe, o que foi complementado pela seguinte explicação: “Basta olhar para nossas tecnologias (da Sony), como o Eye Focus (foco automático com tracking nos olhos). Isso é possível devido ao uso dos dados dos sensores de imagem principais. Nas câmeras DSLRs, os dados de foco vêm de sensores separados. O sensor principal de imagem fica desligado durante 90% do tempo, encoberto pelo espelho. No entanto o sensor de imagem é muito importante, então se as câmeras vão se desenvolver e conseguir capturar o momento mais efetivamente, os fabricantes precisam desenvolver tecnologias sem espelho. Isso deve acontecer dentro de um ano, eu acho.”

Câmera A7 III, lançamento Sony na linha Mirrorless

E para completar Tanaka tem certeza absoluta que esse já será o padrão de câmeras profissionais que será visto nas Olimpíadas de 2020. Será?

Os comentário do Gerente Geral da Sony caíram como uma bomba no mercado internacional de fotografia, de tal maneira que a Dpreview foi atrás da Canon, querendo saber da própria empresa o que ela achava disso.

 

A Canon se pronuncia

Ao serem perguntados sobre o quão importante seria para a empresa uma linha de câmeras mirrorless “Topo de Linha”, seus executivos foram reticentes: “a nova câmera Mirrorless M50 da Canon é um modelo de entrada no mercado, porque é nesse nicho que estão os grandes volumes de venda. Queremos nos estabelecer neste mercado e depois avançar. De acordo com a nossa estratégia, estaremos lidando com o mercado mirrorless de médio e alto padrão daqui para frente.”

Nova M50, câmera de entrada mirrorless da Canon

Ou seja, a Canon está se movendo, pavimentando uma grande base de câmeras sem espelho para depois dar suporte a uma linha mais profissional de câmeras. E tem mais, ao serem perguntados se havia alguma dificuldade técnica que impedisse que a nova mirrorless Canon M50 possa oferecer video 4k e Auto Foco Dual Pixel ao mesmo tempo, já que tem as duas tecnologias, responderam o seguinte:

“Na câmera DSLR EOS 5D Mark IV nós oferecemos vídeo 4K e autofoco Dual Pixel CMOS simultaneamente, portanto, tecnicamente isso é viável. Mas dada a posição da Canon M50 em nossa linha, não podemos incluir todos os recursos disponíveis em um produto profissional como a 5D IV. No equipamento mirrorless precisávamos alcançar o equilíbrio ideal de recursos para uma câmera dessa faixa. Otimizamos a M50 da melhor maneira possível para sua posição no mercado e, dentro desses parâmetros, a combinação de vídeo 4K e autofoco CMOS Dual Pixel não foi possível.”



Ou seja, tecnologia a Canon tem, ela simplesmente não quis oferecer ainda numa Mirrorless tudo que uma DSLR “topo de linha” oferece…

E para terminar a Dpreview perguntou se era realista o palpite que os executivos da Sony fizeram, dizendo que empresas como a Canon substituiriam em breve suas câmeras DSLR pela tecnologia Mirrorless. Veja a resposta: “Isso seria legal, não seria?”.

 

As reações

Essa entrevista deixou os comentarista internacionais em polvorosa. Como seria a linha Mirrorless profissional da Canon? E como ficaria o investimento já feito pelos fotógrafos nos sistemas DSLR tradicionais da Canon? Tudo perderia valor?

Várias apostas foram feitas mas muitos esperam uma desvalorização impressionante de preço nas câmeras DSLRs e lentes de segunda mão, coisa que dificultaria a transição de tecnologias pelos fotógrafos.

Outros acreditam que apesar de estarem bem estabelecidas no mercado, o fato da Canon e da Nikon terem ficado para trás no mercado Mirrorless pode acabar inviabilizando sua sobrevivência num mundo pós-DSLR, pois empresas como Fujifilm já teriam uma tecnologia mais estabelecida.



De qualquer modo, em uma outra entrevista dada por Kazuto Yamaki, CEO da Sigma, famosa fabricante alternativa de lentes intercambiáveis, o investimento na área fica mais explicito.

Yamaki diz claramente que a Sigma está investindo pesado em produzir lentes alternativas para a linha de câmeras Mirrorless da Sony, e que isso é uma prioridade já que o futuro está nessa tecnologia.

 

E no Brasil?

Como vocês sabem vivemos em um país que perdeu o “bonde da história”. Voltamos a ser um país de economia agrária e sem indústria de peso, a não ser a alimentícia.

Pense comigo, se um meteoro estivesse prestes a nos destruir e a Terra dependesse do Brasil para salvá-la, o que aconteceria? É óbvio, extinção em massa, hehehe!

É por isso que por aqui essa discussão sobre as tecnologias DSLR e Mirrorless parece tão sem sentido. Nosso mercado fotográfico nem sabe ainda do que isso se trata.



No Brasil, as câmeras DSLR mais antigas ou muito usadas mantém um valor impressionante para padrões internacionais. Outro dia mesmo achei uma câmera Fulfframe que já havia efetuado 300 mil disparos sendo vendida por inacreditáveis R$ 2000,00.

Você achou barato? Pois fique sabendo que se o obturador da câmera ainda não havia sido trocado, coisa que duvido, a câmera só está fotografando pela Graça de Deus, hehehe. Mas no Brasil ela não só ainda tem valor como também tem gente interessada em comprar.

Eu sinceramente acho que essa transição em nosso país só se dará se fabricantes como a Canon tiverem interesse em renovar seu mercado no país. Vamos acompanhar essa transição?

Se você quer entender melhor a diferença entre as câmeras DSLR e as Mirrorless, veja o artigo que publiquei anteriormente.

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