Câmeras

Um balanço do mercado de câmeras em meados de 2019

Chegou o meio do ano e já dá para ver como o mercado de câmeras fotográficas tem se comportado no resto do mundo.

Como todos os leitores aqui do Blog já sabem a situação tem estado muito confusa por causa da chamada “Guerra da Mirrorless”. Para quem não sabe, esse é o nome que a mídia está dando para a opção que os fabricantes fizeram em substituir suas linhas de câmeras digitais convencionais (com espelho) pela tecnologia sem espelho.

Canon EOS RP
A nova Canon EOS RP não teve muito sucesso na Japão

Na realidade parece que os fabricantes resolveram lucrar mais produzindo menos. Para isso resolveram criar novos equipamentos muito mais caros do que o mercado estava acostumado. Eles partiram do princípio que os usuários, principalmente os profissionais, cairiam rapidamente nessa onda.

Bem, parece que não foi isso que aconteceu, pelo menos por enquanto.

Vejamos algumas notícias sobre esse assunto…

Sony e o mercado de câmeras

Na “Guerra das Mirrorless” a Sony superou com uma única câmera o esforço combinado de todos os outros fabricantes.

Pois é, no Japão as vendas da Sony A7 III foi um sucesso tão grande que bateu sozinha todas as vendas das novas câmeras Mirrorless Fullframe da Canon e Nikon juntas.

linha A7 da Sony
Sony A7 III

Bem, isso no mínimo mostra que a opção que a Sony fez por essa tecnologia no passado fez com que ela se estabelecesse firmemente no mercado. Além disso a Sony A7 III é um produto acabado, não um protótipo, como muitas de suas concorrentes.

mercado de câmeras
Quantidade de envios de câmera em 2017, 2018 e 2019 – Fonte CIPA Japan

Para piorar a situação, novos lançamentos como a Canon EOS RP mal entraram no mercado Japonês e já tiveram queda de vendas…

É bom lembrar que, além da maioria dos fabricantes de câmeras fotográficas terem suas sedes no Japão, o país conta com o maior mercado fotográfico do mundo! É por isso que o comportamento do usuário nipônico é tão importante.

E a Canon?

Baseado em pesquisas internas a Canon fez um anúncio surpreendente em meados de Abril. A empresa disse que estava reduzindo em 20% sua previsão de lucros para o ano. Ainda segundo a Canon, isso se dava por causa da redução das vendas esperada em sua nova linha de câmeras Mirrorless Fullframe.

Segundo o jornal Nikkei, o encolhimento do mercado de câmeras digitais e a dificuldade de oferta de semicondutores devido à maior demanda de fabricação de smartphones vai “bater forte” na empresa. Pelo que entendi, componentes eletrônicos como sensores ficariam mais caros, já que os fabricantes estão com muita demanda para produzir sensores para smartphones. Faz todo o sentido…

mercado de câmeras
Vendas de Câmeras Mirrorless Fullframe no mercado Japonês – CIPA

A coisa já estava meio feia em Fevereiro deste ano. Na ocasião a Japanese Camera & Imaging Products Association (CIPA) anunciou que as vendas de câmeras caíram muito a partir de janeiro de 2019. Além disso houve uma perda significativa de vendas em comparação com fevereiro de 2018.

A queda continua…

Segundo a CIPA, os embarques globais de câmeras digitais (de todos os tipos) em fevereiro de 2019 somaram apenas 935.148 unidades, em comparação com 1.001.398 embarcados em janeiro de 2019. Isso representa uma queda de mais de 30% em relação ao ano anterior, com janeiro de 2018 registrando 1.340.492 embarques e fevereiro de 2018 mantendo uma consistente taxa em 1.340.995. Isso quer dizer que a diminuição não foi resultado de um efeito “pós Natal”, digamos assim.

Também houve queda no mercado de câmeras com lentes intercambiáveis (DSLRs e Mirrorless), passando de 798.014 em fevereiro de 2018 para 521.217 em fevereiro de 2019. Nesse caso tanto fevereiro de 2018 e quanto fevereiro de 2019 tiveram vendas menores do que o mesmo mês de 2017. Neste ano foram registradas 843.217 embarques globais de câmeras DSLRs e Mirrorless de fabricantes Japoneses.

E para terminar, a empresa de análise BCN Retail, que coleta dados de vendas diárias diretamente nos pontos de venda on-line e off-line, publicou dados do mercado de câmeras no Japão para o ano fiscal de abril de 2018 a março de 2019.

E continua…

A coisa se mostra meio dramática. Em unidades vendidas a Canon teve uma redução de 1,3%. Já a Sony diminuiu em 6,6% enquanto a Olympus, 13,8%. O recorde foi da Nikon, com diminuição de 15%.

Fujifilm X-T30
Vista frontal da nova Fujifilm X-T30

Apenas a Fujifilm conseguiu aumentar o número de unidades vendidas. Foram impressionantes 19,4% de aumento. No entanto esse aumento de vendas da Fujifilm significou um aumento de faturamento de apenas 0,6%. Talvez seja por que o custo dos novos lançamentos, como a Fujifilm X-T30, não foram repassados completamente ao comprador final. Será?

É engraçado que a Sony conseguiu expandir seu faturamento em 14,5% mesmo assim. O site Dpreview.com diz que isso aconteceu graças ao foco da empresa em modelos premium de alto preço.

Eu particularmente acho que o fato tem mais a ver com o sucesso estrondoso que a Sony A7 III teve. Ela é uma câmera cara mas muito mais versátil e completa dos que as concorrentes de mesmo preço.

E eu com isso?

Bom, eu demorei muito para escrever sobre esses assuntos pois não ando me fixando em notícias ruins, hehehe. Já basta a situação brasileira.

Mesmo assim é bom a gente conhecer os fatos que embasam algumas notícias. Esse é o caso da entrevista em que executivos da Pentax dizem que em dois anos o consumidor de câmeras vai se voltar novamente para a tecnologia Reflex (DSLR).

Sim, se a “Guerra das Mirrorless” não engata, quem apostar nas câmeras de lentes intercambiáveis tradicionais vai sobreviver.

Nikon Z
Lançamentos do Novo sistema Mirrorless Fulframe da Nikon

Quanto aos fotógrafos (amadores e profissionais) a questão de preço é fundamental. Eu acho que se os lançamentos da Canon e Nikon tivessem sido feitos com preços menores, talvez tivessem “colado” mais no mercado.

É bom lembrar que os usuários da Sony gostam da tecnologia de ponta embarcada em suas câmeras. As vezes são tecnologias que demoram anos para chegar na concorrência.

Já os “fãs” da Fujfilm gostam do estilo retrô do design de suas câmeras. É bom lembrar também da simulação de cores de filmes analógicos da marca. Para esses uma câmera Fuji é um objeto de desejo, e aí as vendas tomam outro rumo…

Sem desespero, hein?

Também é preciso lembrar que para o público amador (e até profissional) os smartphones estão bombando.

Nunca foi tão fácil fotografar bem com um smartphone quanto em 2019. Eu mesmo estou besta com a qualidade de algumas dessas “câmeras conectadas”, hehehe. Estou até preparando uma matéria sobre o assunto.

E se você ficou deprimido, pense assim: para quem vive no Brasil não há crise ou fim de mundo que assuste mais do que nossa própria realidade, hehehe. O resto é fichinha…

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