Quantos Megapixels você realmente precisa?

Quando vamos comprar um smartphone ou uma câmera digital a primeira pergunta que vem a mente é sempre a mesma: quantos Megapixels o equipamento tem?

Essa palavra mágica parece definir tudo que queremos em termos de fotografia em uma câmera. É como se a história da fotografia ficasse resumida nos milhões de pontos sensíveis que um sensor de imagem apresenta!

Eu mesmo já passei, e ainda passo, por esse tipo de ansiedade pela maior resolução possível. Bom, eu tenho meus motivos mas você precisa também saber quais são os seus, então resolvi escrever um pouco sobre o assunto.

E para começar eu me pergunto, o que significa “Megapixel”?

Segundo a Wikipedia, a “Mãe dos Burros” digitais, o termo “Pixel” se refere ao “… menor elemento em um dispositivo de exibição (por exemplo, um monitor), ao qual é possível atribuir-se uma cor”.

E para explicar melhor ainda, um Pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital!

A palavra “Megapixel” se refere portanto a algo que tenha o equivalente a um milhão de Pixels e é utilizada pelos fabricantes de sensores de câmeras digitais para nos informar o grau de resolução e definição de imagem que o equipamento pode alcançar.

Uma câmera de 24 Megapixels tem um sensor de 24 milhões de pixels sensíveis à luz, que geram uma imagem com dimensões de 6000 x 4000 Pixels (6000 x 4000 = 24.000.000, não é incrível?).

Segundo os Psicólogos que já consultei eu tenho “Discalculia”, mas mesmo assim consegui entender que com esses dados podemos saber qual o tamanho máximo que uma imagem pode ser exibida ou impressa ou quanta definição ela vai ter.

Do ponto de vista técnico essas informações já são suficientes para podermos entender e escolher melhor a resolução de nossas câmeras digitais, então vamos fazer algumas considerações.

 

Qual resolução você precisa?

Há alguns anos atrás o fotógrafo Ken Hockwell, conhecido por seu pioneiro site sobre equipamentos fotográficos, declarou que ninguém precisaria de uma câmera com mais de 6 Megapíxels. Ele falava da câmera DSLR Nikon D70, que mesmo hoje em dia espanta a todos pela qualidade da imagem, mas que ficou obsoleta pois suas imagens não podem ser muito ampliadas.

Na realidade o que Rockwell queria dizer é que a imensa maioria dos fotógrafos amadores e mesmo profissionais nunca imprime uma foto em dimensões maiores do que o A4. E para isso uma imagem de 6 Megapixels é perfeita!

Os fabricantes, principalmente os de smartphones, perceberam isso e se aproveitam de sensores com menor resolução para fazer com que Pixels maiores captem mais luz. É uma forma de fazer com que smartphones fotografem melhor à noite.

Esse truque já era usado desde 2009, quando a Canon lançou a Powershot G11, uma câmera compacta de 10 Megapixels. Seus recursos avançados eram voltados para fotojornalistas em áreas de guerra, que precisavam fotografar em todo tipo de condição de luz e não podiam chamar atenção com seus equipamentos.

Sua antecessora, a Canon G10, contava com um sensor de 14.7 megapixels portanto a escolha da Canon de reduzir a resolução da G11 foi vista com desconfiança. No entanto o truque funcionou e até hoje as imagens de 10 Megapixels da G11 são comentadas por sua qualidade mesmo em pouca luz.

Eu, particularmente, preciso de imagens com maior resolução porquê gosto muito de “cortar” as fotos posteriormente remodelando a composição, pois quase sempre fotografo cenas do dia a dia de improviso.

Atualmente só as câmeras mais caras e voltadas ao público profissional já passaram do nível dos 30 Megapixels de resolução em seus sensores, mas estou me virando bem com sensores na casa dos 20 a 24 Megapixels, que agora é o padrão mesmo nos equipamentos de entrada, voltados para amadores.

Quanto maior a resolução mais problemas secundários

Tudo bem, você é milionário e comprou uma câmera de médio formato com sensor entre 60 e 80 Megapixels! Eu acho ótimo e dou o maior apoio mas, onde você vai guardar essas imagens?

E tem mais, você guardou um dinheirinho para comprar um computador parrudo, capaz de manipular essas imagens enormes que você vai tirar?

É, captar fotos em maior resolução pode ser muito bom mas cria outros tipos de problema. Mesmo quem usa smartphones com câmeras de 8 Megapixels, que criam arquivos JPG com no máximo 2 ou 3 Mb, já ficou espantado como a memória disponível para guardar as imagens acaba rápido.

Imaginem o problema para quem precisa preservar trabalhos profissionais… O custos com armazenamento de imagens de grande resolução podem ser altos, se bem que o que me preocupa mais é a busca pelas “estratégias de armazenamento”. Fiz até um artigo sobre esse assunto um tempo atrás.

Quanto ao computador no qual essas imagens de altíssima resolução serão manipulados o problema é outro. No mercado internacional é possível encontrar por preços relativamente acessíveis computadores, monitores e acessórios voltados para o mercado fotográfico. É fácil encontrar HDs externos e a última tecnologia voltada para ajudar na manipulação e armazenamento de imagens, mas qui no Brasil…

O problema não são só os preços nacionais, inflacionados pelo “Custo Brasil”, mas a falta de oferta em nosso mercado desses mesmos lançamentos que são feitos no exterior. Por aqui é difícil comprar ou montar um PC avançado de última geração, quanto mais comprar um Mac de ponta.

Você até encontra, mas ao preço de um carro, hehehe.

 

Só a resolução não resolve o problema da imagem

Tudo bem, eu sei melhor do que ninguém que é preciso saber fotografar para conseguir uma boa fotografia, mas tem alguns fatores que não podemos esquecer. Por exemplo, não adianta sua câmera ou smartphone ter uma boa resolução se o conjunto ótico ou a lente intercambiável também não forem de boa qualidade.

Sim, um sensor com grande resolução sozinho não garante uma boa imagem. É por isso que alguns smartphones antigos, ou com menos de 8 Megapixels, apresentavam imagens muito boas, melhores do que alguns lançamentos modernos. Esse é o caso do Nokia N95, smartphone de 5 megapixels que utilizava lentes Zeiss. Também fiz um artigo muito interessante sobre ele um tempo atrás.

E tem também o software! Algumas câmeras e smartphones tem softwares mais sofisticados, capazes de extrair mais de uma imagem. Esse é o caso do Google com seu smartphone Pixel 2 ou das câmeras da Fujifilm com seus filtros de simulação de filme analógico.

 

E o futuro?

Quanto ao futuro da resolução dos sensores eu não faço a mínima ideia. Talvez a mudança de arquitetura ou de tecnologia de captação da imagem façam com que um dia Pixels e Megapixels se tornem obsoletos.

Por enquanto pense apenas no resultado final da qualidade da imagem e se você está satisfeito com as fotos que tira, mas lembre-se, as vezes o problema está no fotógrafo e não na câmera!!!