Ajudando um leigo a fotografar o Miss São Paulo 2018

O que acontece quando um amigo precisa cobrir um evento e você não pode ir? Ensine ele a fotografar, ora bolas!

Eu sei que a coisa não é tão simples assim mas se o seu amigo tiver boa vontade, bom senso e ética para não virar seu concorrente, não vejo nenhum problema.

Foi isso que aconteceu quando Manolo Vilches disse que a organização do evento Miss São Paulo 2018 só estava liberando uma credencial por veículo de comunicação. Ele queria que, como de outras vezes, eu fizesse sua cobertura fotográfica no evento. Dessa vez isso não seria possível…

Para falar a verdade dei “Graças a Deus”, pois acho muito incômodo ficar preso num auditório lotado com aquele bando de fotógrafos profissionais disputando espaço com suas magníficas câmeras Fullframe, hehehe.

Ah, e não posso esquecer que de uns tempos para cá os profissionais ficam disputando espaço com os smartphones dos “missólogos”, criaturas mitológicas nascidas do desejo de seguir a trajetória das misses do nascimento até a reencarnação!

Resolvi que Manolo deveria então levar uma câmera para fotografar ele mesmo, mas como é conhecido por cortar todas as cabeças disponíveis numa foto tomei alguns cuidados que podem ajudar a todos que passam pelo mesmo problema.

 

Vejamos o que foi possível fazer:

• Ensine alguns métodos básicos de composição, explicando ao leigo que ele deve olhar o evento “através” da tela ou do visor da câmera, procurando ângulos de visão do tipo que ele já viu em fotografias profissionais feitas sobre o mesmo tipo de evento.

• Fale um pouco sobre a escolha de assuntos ensinando ao leigo como olhar para as várias situações que podem acontecer num evento e que podem ser interessantes, como os olhares de espanto da platéia ou algum “caco” dos apresentadores. Isso sempre enriquece a cobertura fotográfica de um evento.

• Escolha uma câmera simples de usar pois câmeras profissionais de alto desempenho não são projetadas para serem muito amigáveis. Uma câmera dessas nas mãos de um leigo podem resultar num desastre.
• Escolha uma câmera intermediária, preferencialmente uma que tenha modos de cena, possua uma boa lente e, principalmente, resolução acima de 20 Megapixels, pois será mais fácil reconfigurar (recortar) a imagem depois para consertar erros de composição.

• Quanto aos modos de cena, deixe a câmera já configurada para algo como “evento noturno” ou “retrato com baixa iluminação”, e lembre-se de deixar o flash embutido desligado, pois alguns eventos não aceitam o uso desse equipamento.
• A sensibilidade ISO deve ser alta e possibilitar um bom controle de ruídos. Dependendo da câmera não é preciso salvar as imagens em RAW, pois os arquivos em JPGs podem já terem sido gravados com uma boa redução de ruídos.

• Caso a câmera escolhida use lentes intercambiáveis escolha uma objetiva do tipo zoom. Leigos tendem a achar mais fácil aproximar e afastar os assuntos da cena com esse tipo de lente, ainda mais em um evento onde não possam se movimentar muito. Cuidado com lentes de grande abertura pois erros de focalização podem se tornar muito evidentes. O melhor é usar uma lente com boa estabilização de imagem, nos casos em que o corpo da câmera não tenha embutido esse sistema.

• Tenha seguro do equipamento ou fé em Deus, pois roubos e acidentes podem acontecer até com profissionais. Aliás, acho até que acontecem mais com profissionais…
• Deixe a câmera pré-configurada e nos casos em que é possível, utilize algum botão programável de configuração e ensine o leigo a usar. Caso contrário explique muito bem como ligar a câmera e chegar na configuração desejada. Isso é muito importante em alguns equipamentos que perdem a programação depois de serem desligadas.

E foi exatamente isso que fiz. Ensinei Manolo a olhar o evento com outros olhos e escolhemos uma câmera para que ele levasse.

 

Manolo queria uma câmera compacta, que coubesse no bolso, mas eu não tinha nada disponível que tivesse bom nível de ruído em baixa iluminação. Depois pensamos numa DSLR de entrada, que tivesse modos de cena amigáveis e foco automático preciso, mas ainda assim os equipamentos pareciam pesados demais.

Foi então que lembrei da minha boa e velha Samsung NX30. Pois é, para quem não sabe a Samsung produziu até 2015 uma linha de câmeras mirrorless que ainda é considerada a mais avançada do mundo por muita gente. Como muitas das câmeras dessa linha chegaram a ser fabricadas por aqui antes da Samsung resolver sair do mercado fotográfico, tinham preço acessível e foi assim que comprei minha NX30.

 

A câmera é relativamente compacta, tem sensor BSI de 20 Megapixels e uma lente de kit estabilizada, se bem que meio frágil.

A câmera apresenta toneladas de modos automáticos e parecia perfeita para aquele trabalho, mas confesso que nunca me dei bem com ela. Apesar desse modelo de câmera ser muito elogiado nos fóruns internacionais, nunca gostei dos resultado das imagens que fotografei com ela. Mesmo assim sabia que a câmera se comportaria bem em baixa iluminação e foi assim que Manolo a levou para o evento.

O resultado foi surpreendente. Aproveito para cumprimentar o Manolo, que não cortou nenhuma cabeça nem a coroa da Miss, hehehe. Ele procurou observar e captar muitas situações interessantíssimas, e não foi necessário quase nenhum reenquadramento. As cores produzidas pelos Jpgs do modo Full Auto (o modo escolhido) ficaram vivas e cristalinas, contendo quase nenhum ruído.

Confesso que fiquei tão animado com o resultado que vou fazer eu mesmo um ensaio fotográfico com a Samsung NX30.

Quanto a você leitor, use esses passos para “formar” algum amigo em fotografia. Quem sabe assim você tenha algum registro decente do seu próximo aniversário…