O que a Sigma pensa sobre o mercado fotográfico
A Sigma é uma empresa pouco conhecida no Brasil mas é famosa no exterior pelas suas lentes intercambiáveis e mesmo por suas câmeras digitais.
Como é uma empresa familiar, a Sigma navega no mercado de uma maneira diferente. Suas escolhas as vezes parecem não ter sentido, como produzir câmeras com um sensor digital próprio chamado Fóveon, mas a empresa se mantém firme e forte no mercado mundial.
Durante a feira de equipamentos fotográfico Photokina 2018 o site Dpreview.com entrevistou Kazuto Yamaki, CEO da Sigma e herdeiro do fundador da empresa.
Yamaki é considerado uma pessoa aberta e apaixonada por fotografia. Sendo assim ficamos sabendo mais alguns detalhes interessantes sobre a participação da Sigma na nova aliança com a Leica e Panasonic e o lançamento de uma nova linha de câmeras Mirrorless com sensor Fullframe Fóveon.
Vamos aos detalhes:
Sigma e L-Mount
A aliança entre Sigma, Panasonic e Leica para o uso da montagem de lentes L-Mount na fabricação de câmeras mirrorless e objetivas foi uma das grandes notícias da Photokina 2018.
Yamaki contou que há cerca de 2 ou 3 anos a Sigma havia decicido produzir uma câmera Fullframe do tipo sem espelho com seu sensor Fóveon. Eles pensavam em projetar uma montagem própria de lentes para esse tipo de câmera e já tinham até um design pronto.
Foi então que a Panasonic entrou em contato propondo que as empresas trabalhassem em conjunto. A Panasonic também conversou com a Leica e as três empresas entraram em um acordo. A Sigma abandonou então seu projeto e adotou a L-Mount, que pareceu naquele momento um design de lentes mais “bem balanceado” no que tange suas dimensões e possibilidades de desenvolvimento de novos produtos.
Yamaki disse também acreditar que a Sigma já estará comercializando lentes nesse tipo de montagem em meados de 2019. As primeiras lentes a serem lançadas deverão conter novidades, bem como versões L-Mount de algumas das 14 lentes que a empresa já fabrica para a E-Mount da Sony.
Sobre Canon e Nikon
Sobre os novos sistemas Mirrorless Fullframe da Canon e da Nikon, Yamaki disse que apesar de seu interesse a Sigma ainda não tem nenhum plano para lançar lentes nesses formatos.
Ele não nega que existem riscos potenciais no uso das atuais lentes Sigma através de adaptadores nos novos sistemas da Canon e Nikon. No entanto ele disse que o firmware produzido atualmente pela Sigma para suas lentes é muito “robusto” e deve continuar a funcionar bem nos novos sistemas (mesmo através de adaptadores, acredito eu).
Quanto as essas novas montagens de lente ele foi específico: “Fiquei muito impressionado com as novas lentes da Canon para montagem RF, como a objetiva 50mm f/1.2 e a 28-70mm f/2. (Fiquei) Muito impressionado – e um pouco com ciúmes! Essas novas lentes se tornaram possíveis devido ao diâmetro amplo e a “flange” curta. Caso contrário, essas lentes seriam muito difíceis ou impossíveis (de se produzir)”.
Influências no design das outras empresas
Perguntado sobre se a Sigma teve alguma influência no design da nova linha Mirrorless Fullframe da Panasonic, Yamaki foi categórico ao dizer que não.
Na realidade ele disse que, apesar da aliança entre as empresas, ele viu o projeto da Panasonic pela primeira vez na própria Photokina.
Segundo ele a SIgma, Panasonic e Leica não trocam informações sobre o desenvolvimento de seus produtos nesse novo sistema por uma questão de “complience” (conformidade ética) e das leis antitruste (anti monopólios).
As atuais plataformas da Sigma
A Sigma tem um sistema próprio de lentes chamado SA e segundo Yamaki ele continuará a ser produzido. No entanto novos produtos nessa montagem não será mais desenvolvidos.
Em uma outra ocasião o CEO da Sigma já havia falado que o desenvolvimento de câmeras e lentes em um plataforma própria servia mais para testar produtos que seriam portados para outras montagens do que para conquistar o mercado.
É por isso que poucos conhecem as câmeras DSLR ou mirrorless atuais da Sigma.
Sobre o futuro da Sigma
Yamaki afirmou à reportagem da Dpreview que a Sigma pretende se diferenciar da concorrência investindo como sempre em tecnologia, na comunicação com os consumidores e na valorização de sua mão de obra.
Segundo ele, a produção de objetivas e lentes é diferente de outros negócios pois a experiência e o “know-how” dos empregados é fundamental. A Sigma conta com funcionários que estão na empresa a 3 gerações, o que torna a experiência de vida desses empregados algo muito importante na produção de lentes baseadas em uma “tecnologia analógica”. É quase uma espécie de artesanato, diria eu.
Ao ser perguntado sobre suas expectativas sobre a proporção futura entre vendas de lentes para DSLRs e câmeras Mirrorless, Yamaki foi afirmativo: “Dentro de três ou quatro anos espero que nossas vendas de lentes para montagem sem espelho (Mirrorless) sejam muito maiores do que para DSLR (Reflex). Talvez 70% para Mirrorless contra 30% para DSLRs.”
Alguns esclarecimentos
A empresa atualmente produz, segundo a Dpreview, lentes para 8 tipos de montagem diferentes. Em 2012 ela produzia basicamente lentes apenas para a montagem Canon E-F e Nikon A-F. Para uma empresa relativamente pequena como a Sigma essa linha de produção e os novos lançamentos são um passo e tanto.
Eu particularmente acho que poderemos ouvir falar falar ainda muito da Sigma, pois ela trem se mostrado bem resistente à crise do mercado fotográfico. Pena que aqui no Brasil a marca seja pouco conhecida e que não exista representação oficial da empresa. Enfim, coisas da terrinha…
Há muito tempo li a respeito de um sensor todo próprio da Sigma, capaz de captar 4 cores em vez de 3, e o resultado era fantástico. Vi isso numa página, fechei a página e virei fã da empresa na hora, mesmo sem saber mais nada a respeito deles até hoje.
Você deve estar falando do sensor Foveon. Em breve vou fazer um artigo sobre o assunto porquê também quero saber mais sobre isso. Abraços!
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