Tales of Light é um seriado para fotógrafos
O Netflix é tão cheio de surpresas que exibe até um seriado para fotógrafos. Seu nome é Tales of Light (Contos da Luz) e se apresenta como uma espécie de documentário e reality show.
A série, que entra agora na terceira temporada já disponível no Brasil, segue vários fotógrafos mundo afora atrás de seu trabalho. Tales of Light foca em coisas que parecem banais mas que podem ser muito interessantes para os fotógrafos amadores ou estudantes.
Tales of Light foca em coisas como o método de trabalho de cada profissional, sua motivação pessoal e mesmo as técnicas fotográficas utilizadas.
As duas primeiras temporadas mostravam o trabalho de um fotógrafo diferente a cada capítulo, mas a terceira temporada vai seguir apenas alguns profissionais.
Esse é o caso do primeiro episódio, onde o fotógrafo Simon Lister acompanha o ator Orlando Bloom, embaixador da UNICEF, numa visita a crianças pobres em risco no Bangladesh, por exemplo.
Outro episódio da terceira temporada mostra o fotógrafo Dylan River pesquisando sítios arqueológicos com arte rupestre Aborígene na Austrália, seguindo uma tradição de sua família de cineastas.
Cada temporada tem apenas 6 episódios de 30 minutos. A série é patrocinada pela Canon e pela National Geographic Society, então não espere ver no documentário equipamentos de outras marcas ou uma visualidade muito diferente da revista e do Canal da NatGeo.
Um seriado para fotógrafos?
Apesar de um seriado para fotógrafos ser algo interessante, eu não deixo de pensar em como esse tipo de visão do mundo é estereotipado. Um fotógrafo envolvido com seu trabalho pessoal teria interesse em Tales of Light?
Digo isso pois é possível perceber claramente que a produção prepara os locais e os personagens para serem documentados. Não há muitas surpresas pois as hipóteses já estão resolvidas.
Além disso, há sempre uma claro comprometimento estético de dramatização da pobreza ou da fragilidade dos recursos naturais. Isso é algo que é enfatizado pela trilha sonora meio “New Age”. Eu sempre fui um crítico dessa estética, pois parece prevalecer um grito de “salvem as baleias” no fundo dos roteiros.
A coisa nunca é tão simples assim…
Apesar do meu horóscopo de hoje falar para eu não chamar muito a atenção, preciso dizer que o premiado carnavalesco Joãozinho Trinta estava certo quando declarou que “O povo gosta de luxo, quem gosta de miséria e intelectual”.
Daí pergunto, que tipo de história aquelas crianças de Bangladesh contariam se fossem elas que dirigissem e filmassem o documentário?
Mas quem sou eu para dizer alguma coisa… Então fique com o trailer da terceira temporada de Tales of Light que o Canal Canon Australia publicou e decida você mesmo.
Obs.: O vídeo está em inglês, mas como sempre indicamos você pode ativar as legendas automáticas em Português, elas podem ser de muita ajuda para quem não domina essa língua. Note porém que alguns termos técnicos não são bem traduzidos.
Eu sempre refleti muito sobre isso (Daí pergunto, que tipo de história aquelas crianças de Bangladesh contariam se fossem elas que dirigissem e filmassem o documentário?)…e aquele seu post sobre a verdadeira história da mãe migrante, também aborda tema similar. A fotografia tem um poder imensurável, afinal ela é capaz de criar ou destruir reputações. Assim como qualquer outra obra de arte ‘muda’ (pintura, escultura, gravura), o espectador entende, ou lê, aquilo que carrega dentro da sua própria cabeça, baseado em sua vivência, conhecimento e vários outros fatores. Então, essa coisa de miséria, meio ambiente e tudo mais (virou clichê na minha opinião), porque diz mais sobre o autor do que sobre a realidade. Como dizia o grande John Free “a foto é do autor mas não é para o autor, é para o povo” (não exatamente nessas palavras).
Pois é, sabe que eu acho que vou escrever um livro sobre esse tipo de assunto, pois um artigo é pouco, hehehe. E obrigado por acompanhar o blog e comentar. É sempre um grande incentivo, muito obrigado. Abçs!!!