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Por que aprender a fotografar em Modo Manual?

Você já se perguntou para quê sua câmera, que fotografa tão bem em Modo Automático, tem também um Modo Manual?

Pois é, para muita gente mais jovem a automatização da fotografia é uma coisa natural, como nos smartphones. A maior parte das pessoas encara a fotografia no século XXI como alguma coisa do tipo “apontar e disparar”, e pronto!

Botão de seleção de Modos de Fotografia em uma Nikon D5600

Na realidade, durante a maior parte da história da fotografia, a escolha de parâmetros como velocidade do obturador, abertura da lente, e mesmo sensibilidade ISO era uma obrigação do fotógrafo.

Se ele não escolhesse os parâmetros certos acabaria com uma imagem escura ou clara demais, com uma foto sem profundidade ou totalmente desfocada, ou até mesmo com uma foto tremida ou distorcida pelo movimento.



Toda essa questão me veio à mente há alguns dias atrás quando folheava o catálogo de cursos do Instituto Moreira Sales aqui de São Paulo.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi que um grupo de cursos básicos sobre fotografia estava sendo oferecido pela sensível e talentosa Celina Yamauchi, fotógrafa e professora que conheci quando ela se tornou minha colega no curso de Artes Visuais na Faculdade Santa Marcelina, muitos anos atrás.

A segunda coisa que me chamou a atenção foi o fato de que um dos cursos pede que o aluno traga uma câmera analógica ou digital que permita ajustes manuais.

Alguns smartphones também apresentam Modo Manual

Ri de mim mesmo ao ler essa informação, pois lembrei que eu sempre corri contra a corrente ao ensinar os ajustes manuais depois de ensinar o uso automatizado da câmera, coisa que nem Celina nem o resto do mundo fazem!

Eu mesmo não sei se faço isso porquê não consigo lembrar de ter estudado fotografia formalmente na faculdade (dizem que sim…), se tenho algum tipo de Dislexia, Mediunidade ou preguiça mesmo, mas uso tudo o que aprendi em um Doutorado em Educação para legitimar minha prática, e ela funciona! Pode?

De qualquer maneira, usar o Modo Manual em uma câmera digital totalmente automatizada pode fazer com que a gente aprenda como o equipamento processa os dados de iluminação para chegar na melhor imagem.

Se você não consegue entender para que uma lente tem que ter um valor de “abertura”, para quê uma câmera tem que ter “sensibilidade ISO” variável e para quê o equipamento tem um “obturador” com múltiplas velocidades, um exercício de fotografia em Modo Manual pode resolver o problema. É didaticamente infalível, hehehe.

Agora, se isso não é um problema para você (você só quer fotografar e pronto), talvez começar pela questão da composição na fotografia seja mais importante.

Exemplo de composição da imagem usando linhas imaginárias

Eu particularmente prefiro ensinar essas questões analisando uma fotografia que não “deu certo”, no sentido de que o fotógrafo não conseguiu captar uma cena da forma como queria, para então analisar quais as deficiências na configuração de câmera.

Peço sempre aos alunos que saiam fotografando em Modo Automático mesmo que se decepcionem com as imagens, para em seguida analisar com eles os resultados. Logo em seguida peço que refaçam o exercício para ver como eles entenderam as deficiências ocorridas na primeira sessão de fotos.

Refaço várias vezes esses exercício, explicando pouco a pouco cada variável de configuração de câmera envolvida. Para cada aluno o conteúdo “ensinado” é diferente, pois cada um analisa seus próprios resultados.



Não vou dizer que é fácil dar aula dessa forma porquê não é! Do ponto de vista teórico descrevi uma aula dada com uma abordagem Interdisciplinar, que só é possível ocorrer após desenvolvermos como professor uma “atitude” diferente em relação ao conhecimento, à sua área de atuação e ao aluno.

Desenvolver essa atitude leva tempo e vontade, e nem todos os professores e alunos se sentem confortáveis nessa abordagem, afinal vivemos em um “mundo disciplinar”.

É por isso que acho que aprender a usar o Modo Manual de uma câmera pode ser para muitos o melhor ponto de partida para a compreensão de como os fatores técnicos influenciam a produção fotográfica, permitindo que o fotógrafo dê saltos formais e conceituais mais altos, melhorando a qualidade de suas imagens no geral.

Visor LCD de uma Nikon F50 antiga apresentando seletor de Modos

No entanto, se você já estudou dessa forma “disciplinar” e não resolveu seu problema, tente da minha maneira. Todas as pesquisas até agora mostram que o processo Interdisciplinar leva a um aprendizado muito mais rápido e efetivo, principalmente para quem teve dificuldades com as metodologias convencionais.

Quem quiser saber um pouco mais sobre abordagens Interdisciplinares no ensino nas áreas de Design e Arte (ou se confundir todo de uma vez), tenho um livro publicado sobre o assunto que pode ajudar, veja aqui.

Além disso tenho um curso de Formação de Professores Interdisciplinares em parceria com a Ponto Cursos. Quem sabe você se interessa?