Pentax acredita na volta das câmeras DSLR
Achei tão curiosa essa notícia que resolvi comentar. Muitos fotógrafos estão se perguntando quando é que a Pentax vai entrar para a onda das câmeras Mirrorless (sem espelho).
Pois bem, numa recente entrevista para o site Imaging Resource o Gerente Geral de Marketing da Ricoh, empresa que detém a marca Pentax, disse o que pensa obre o assunto.
Segundo Hiroki Sugahara (o Gerente Geral) “Atualmente, o (mercado) mirrorless é um recém-chegado, então, é claro, muitos usuários estão muito interessados nos novos sistemas; eles querem usá-los. Mas depois de um ou dois anos, alguns usuários que mudaram seu sistema de DSLR para mirrorless [voltarão] para a DSLR novamente.”
Eu achei a ideia meio esquisita, coisa que a maioria dos leitores do site Fstoppers.com (que também divulgou a matéria) achou. Para piorar a situação, o Gerente Geral da Ricoh tentou explicar sua opinião.
O que a Pentax pensa…
Sugahara explica o seguinte: “Como eu disse antes, cada sistema tem seus próprios benefícios ou pontos de interesse. A câmera sem espelho é muito conveniente para fotografar, porque os usuários podem [ver] a imagem (final) antes de fotografar. Mas, acredito que as câmeras DSLR são atraentes, porque os usuários podem imaginar sua própria imagem a partir do visor óptico. As pessoas podem ver uma bela imagem através do visor óptico e depois pensar como podem criar as suas imagens – por exemplo, (mudando a) definição do nível de exposição, balanço de brancos ou ISO – e depois imaginam como podem obter [a fotografia que querem]. Então, o mercado de DSLR está atualmente diminuindo um pouco, mas um ano ou dois anos ou três anos depois, ele irá [começar] a subir.”
Bom, eu lembrei de um comentário parecido feito por Chris Nichols recentemente, em sua análise da Canon SL3. Ele falava mais ou menos a mesma coisa. Disse que havia algo interessante naquela incerteza sobre o que vemos no visor óptico e no que a imagem final registra.
Para alguém que, como eu, já perdeu muita imagem porquê jurou que tudo estava certo na configuração da câmera e só Deus sabe o que deu errado, esse argumento não convence mesmo.
Repercussões
Aliás, os comentários internacionais dizem basicamente a mesma coisa. A maior parte fala que com a atual qualidade dos sistemas mirrorless de alta performance fica impossível voltar atrás. O fato de se poder ver o resultado final da fotografia na tela traseira ou no visor eletrônico da câmera antes mesmo de se “clicar” a foto é entendido como um grande fator de aumento de produtividade.
É verdade que, e alguns comentários falam disso, a vida útil da bateria para uma sessão de fotos é muito maior numa DSLR. Mas qual o problema em se levar baterias extras para um trabalho?
Morri de rir também de um comentário que diz que “Executivos da Ricoh pensam que os usuários da Netflix retornarão ao DVD em um ou dois anos”. Em seguida um outro retruca que já pensou em largar seu automóvel e usar uma charrete, e por aí vai!
Alguns comentários são mais equilibrados. Dizem que é óbvio que tem fotógrafos que talvez não se adaptem aos visores eletrônicos das câmeras mirrorless. Um deles diz que a resolução atualmente é fantástica mas que ficar olhando para essas telas por muitos períodos de tempo cansam os olhos. Tem lógica…
Colocando o pés no chão
Eu particularmente acho que esse é um caminho sem volta. A maior parte da indústria de equipamentos resolveu que a tecnologia mirrorless é a única forma dela sobreviver num mundo repleto de smartphones.
Além disso é bom lembrar que a Pentax é uma marca muito boa e reconhecida, mas atualmente está segmentada entre poucos conhecedores. Seus equipamentos são usados mais por hobbistas avançados e fotógrafos de Fine Art do que por profissionais comerciais genéricos.
Isso acontece porquê a base instalada de equipamentos Canon e Nikon é muito grande. Se você tivesse que contar com a troca de uma câmera ou a substituição de uma objetiva durante uma sessão de fotos, que marca você escolheria usar? E eu nem falo do Brasil, onde a Pentax é simplesmente ignorada pelas novas gerações de fotógrafos…
Voltando ao assunto, eu acho que o executivo da Ricoh está falando para seu próprio público. É mais ou menos como a Fujfilm. Ela diz que não vai investir em câmeras com sensor Full Frame. Seu público estaria mais interessado na renderização de cor que suas câmeras produzem do que no tamanho do sensor. Eu mesmo sou um desses fãs das cores e simulação de filmes da Fujifilm.
Enfim, mais uma notícia curiosa para entender a “Guerra das Mirrorless”, hehehe!