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Uma exposição com fotos em Placa de Colódio

A fotografia em Placa de Colódio é uma técnica antiga e difícil, que atualmente é pouco exercitada. Pois bem, para meu espanto recebi um convite de uma amiga que estava participando em uma exposição coletiva sobre essa mesma técnica. Também chamada Ambrotipia, tem uma linguagem própria que fica entre a impressão e o objeto.

O convite feito pela fotógrafa Anna Silveira me deixou curioso e apesar da greve dos caminhoneiros e da falta de gasolina pegamos o Metrô e fomos para o Bairro da Liberdade.

Saímos da estação e descemos pela Rua dos Estudantes até a Rua Conselheiro Furtado, onde bastou andar um quarteirão à esquerda para encontrar, na Rua Santa Luzia, o espaço da exposição.

Placa de Colódio
Trabalhos em uma das salas da exposição

O local é a Casa Ranzini, edifício projetado e construído em 1924 pelo arquiteto italiano Felisberto Ranzini. Atualmente a casa é mantida pelos seus proprietários como espaço cultural e de exposições.

O Ano do Cão

A exposição se chama “Ano do Cão” e segundo o grupo Imagineiro, que promove o evento, a mostra é composta por trabalhos inéditos e celebra, pelo quarto ano consecutivo, o Dia Mundial da Placa Úmida (World Wet Plate Day).

Você sabia que que essa data comemorativa existia? Nem eu, hehehe…

Ah, e ninguém me falou, mas imaginei que o nome da exposição tenha a ver com o fato de que 2018 é o Ano do Cão no Horóscopo Chinês.



Ricardo Mendes, em texto crítico falando sobre a exposição, diz que “Essa bagunça aparente de imagens – exercícios e expressões em Ambrotipia contemporânea – fala a seu modo de sentimentos difusos que surgem nessa condição, de camadas atuais que se deslocam, revelando que o terreno sólido esperado pode escapar sob nossos pés. Desabafo, solidariedade, por vezes de forma direta ativista; em outras, evocando o espiritual e o retorno mágico.”

Placa de Colódio
Outro ambiente da exposição na Casa Ranzini

Traduzindo: a exposição mostra todo tipo de linguagem visual onde cada fotógrafo, dadas as dificuldades que a própria técnica impõe, desenvolve seu trabalho na medida do possível no limite entre o desejado e o factível. Também sei escrever bonito, viu!

Os artistas que tem seus trabalhos expostos são Anna Silveira, Bruna Queiroga, Elizabeth Lee, Foto Galdino, Elcio Macias de Mello, Carolina Ruiz, Carlos Ximenes, Laura Del Rey, Marcelo Guarnieri, Maria Clara Scobar, Maurício Sapata, Mauricio Virgulino Silva, Plinio Higuti, Priscila Lima, Renata Voss, Roger Sassaki e Simone Wicca.

Demonstrando a Placa de Colódio

Segundo Roger Sassaki, com quem conversamos na abertura, a exposição também tem um caráter didático pois vão acontecer várias demonstrações desse processo fotográfico durante o período de exposição. Além do local contar com um laboratório fotográfico fixo existe também para demonstração um laboratório portátil montado sobre uma bicicleta.

Placa de Colódio
Espaço onde foi montado o Laboratório Fotográfico da exposição

Devido a suas características únicas, a fotografia em Placa de Colódio exige que a imagem seja processada logo depois da exposição da chapa.

É por isso que em seu projeto de pesquisa em Poéticas Visuais na ECA/USP, Roger Sassaki usa a bicicleta laboratório itinerante para desenvolver sua linguagem fotográfica. Haja saúde…

Se você não está entendendo nada dessa história de Placa de Colódio ou Ambrotipia e quer conhecer um pouco mais sobre essa técnica, veja o artigo que publiquei algum tempo atrás aqui no blog.

A exposição é muito interessante e existem trabalhos excelentes ma mostra. Fico impressionado como gente jovem, acostumada com a tecnologia digital, consegue mergulhar tão profundamente numa linguagem tão difícil de desenvolver, produzindo imagens tão significativas.

Ficou interessado? Visite o site imagineiro.com.br ou veja  a programação resumida abaixo:

ABERTURA:
Sábado e domingo 26 e 27/maio, das 10h às 17h.
Demonstrações do processo às 11h, 13h, 14h30 e 15h30.

VISITAÇÃO:
02/05 a 23/06
(Sextas e sábados, das 11h às 16h)
Demonstrações do processo todos os sábados às 15h.

Local:
Casa Ranzini
Rua Santa Luzia, 31 – Liberdade, São Paulo
Próximo às estações Liberdade e Sé do metrô