Impressão Fine Art: entre papéis Hahnemühle e Canson
Algumas pessoas tem me perguntado qual o melhor papel para impressão Fine Art. Bem, eu não seria tão soberbo a ponto de dizer qual seria, até mesmo por quê antes eu teria que conhecer todos os papéis disponíveis no mundo. Como vivo em São Paulo a coisa fica mais restrita.
No Brasil a oferta de papéis para impressão Fine Art ou Giclée é bastante reduzida. Duas marcas monopolizam o mercado: Hahnemühle, trazida por alguns representantes, e Canson com representação nacional própria.
Imprimo com Hahnemühle desde 2007 e tive algumas experiências com Canson, além de imprimir também em papéis sem coating, não certificados e é desta experiência que aprendi que o que importa é o resultado que queremos.
Por exemplo, não adianta usar um papel específico para Fine Art se o que você quer é uma imagem apagada sem muita definição com um ar antigo. O papel especial é feito para dar uma imagem perfeita, com ótima reprodução de cor.
Agora se o que você quer é extrair o melhor potencial da foto e da impressora utilizada não tem jeito, tem que usar um papel certificado, e mesmo assim depende do tipo de papel.
Vamos falar um pouco de alguns tipos de “Fine Art media”:
Baryta: os papéis fotográficos convencionais usam uma fina camada de sulfato de bário chamada Baryta para aumentar a reflexividade da imagem e limitar a penetração da emulsão fotográfica nas fibras fazendo com que ela fique mais uniforme. Nos papéis Fine Art a Baryta é utilizada como branqueador e abrilhantador, dando uma característica parecida com a de papéis fotográficos mate ou acetinados. É um tipo de papel ideal para substituir ampliações fotográficas por impressões ink jet.
Rag: papéis feitos exclusivamente ou em grande parte de fibra de algodão. Rag é a palavra em inglês para pano ou tecido feito de algodão, daí o uso deste nome. Os papéis do tipo Rag são feitos com 100% de fibras de algodão geralmente apresentando uma textura suave e agradável dependendo do acabamento dado por cada marca.
Artísticos: normalmente são papéis puros ou compostos de algodão, celulose ou alfa-celulose com a mesma formulação ou aparência de papéis consagrados para técnicas artísticas convencionais como aquarela, grafite ou gravura. Neste quesito levam vantagens as marcas de papéis mais tradicionais que tem produzido papéis artísticos por séculos. Na Hahnemühle essa linha de papéis tem nome de artistas históricos como Albrecht Durer ou Willian Turner ou de técnicas como Etching (gravura em metal) além de papéis como o Torchon ou o Bamboo. Já a Canson oferece versões ink jet de seus papéis clássicos como o Montval ou o Arches.
Canvas: mídias em tecido de algodão muito parecidas com telas de pintura convencional. São flexíveis e podem ser utilizados com outros suportes além das molduras convencionais. Se diferenciam das linhas artísticas de papéis por terem textura tramada. São oferecidas com vários tipos de acabamento tais como acetinado, natural e brilhante.
Photo Papers: Algumas marcas oferecem papéis específicos para imagens fotográficas com acabamento brilhante, mate ou acetinado. Alguns desses papéis tem um acabamento meio plástico enquanto outros tem aparência mais natural. Como são produzidas por muitos fabricantes é possível encontrar preços mais baixos em marcas desconhecidas. É preciso ter cuidado neste caso pois este material pode não apresentar durabilidade, qualidade ou reprodução de cores satisfatórias. Minha experiência com papéis deste tipo não é muito boa, sendo que das poucas vezes que encontrei um material satisfatório não houve continuidade de fornecimento ou de preço.
Acho que o leitor já percebeu que a escolha de mídias de impressão Fine Art tem mais a ver com o feeling do impressor e do cliente do que com fórmulas prontas.
O único conselho que posso dar no final das contas é o seguinte: não tenha medo de imprimir e se errar tente de novo. Custa caro mas vale a pena.