O que é mais importante, o sensor ou a lente?
Algumas vezes tenho me perguntado o que é mais importante para conseguir uma imagem de qualidade, o sensor ou a lente da câmera?
Digo isso porque durante anos coloquei a culpa da baixa qualidade de algumas de minhas fotografias no fato de que eu sempre tinha que economizar na compra de lentes. Pra falar a verdade isso ainda acontece, hehehe.
Foi por isso que fiquei interessado num artigo publicado pelo fotógrafo Jake Hicks. Durante anos ele culpou suas lentes Nikon pela aparição de pequenos defeitos em suas imagens.
Ele diz que sempre gostou da qualidade da imagem e da reprodução de cores das câmeras dessa marca, mas que ele pensou em procurar equipamentos de outros fabricantes em busca de imagens mais definidas e nítidas.
Segundo ele, “Minha maior queixa em relação as lentes da Nikon era a quantidade obscena de “flares” (reflexos de lente) que estavam sendo produzidos, especialmente quando isso acontecia em contraste com as áreas escuras ao redor. Na verdade, fiquei tão intrigado com esse efeito horrível que até pensei que fosse projetado pela Nikon como uma espécie de “efeito de suavização da pele” para tentar atrair o mercado de retratos e casamentos.”
O sensor ou a lente?
Para entender melhor a situação Hicks resolveu entender melhor o conceito de qualidade de imagem. Para isso ele compara a qualidade de um antiga câmera DSLR de 6 Megapixels que produz imagens muito mais nítidas e definidas do que um smartphone com 20 Megapixels.
Claro que são equipamentos muito diferentes mas ele coloca aqui que nunca pensou no sensor nos termos principais da qualidade fotográfica.
A partir daí ele explica porque só trocou sua antiga câmera de trabalho, uma Nikon D610, por uma D850 que estava em promoção por um preço imperdível. Ele nunca havia pensado no sensor, ou na parte de software da câmera, como algo primordial na qualidade de imagem. Como ele é provavelmente um fotógrafo mais velho, formado ainda no tempo da era analógica, talvez encarasse as lentes e não o “filme” como fator principal de qualidade fotográfica.
Tudo mudou quando ele começou a usar a Nikon D850. Segundo ele “Não foi até que eu comparasse a diferença na qualidade de imagem entre a D610 e a D850 que eu percebesse o quão errado eu estava sobre a qualidade das lentes Nikon. O que os testes de câmera me mostraram foi que certamente não eram as lentes o problema, mas na verdade era o sensor.”
Foi assim que Jake Hicks criou um teste fotográfico comparando as duas câmeras e um conjunto de lentes.
Sinceramente, o resultado é assustador. Todas as imagens da Nikon D610 tem algum tipo de reflexo, ou melhor, estouro de brancos. Mesmo sendo uma câmera de entrada no universo Fullframe da Nikon, eu acho que isso não deveria acontecer.
Lembrei na mesma hora da minha antiga Nikon D5000, que comprei porquê era a primeira câmera da marca com LCD articulável. Depois de algum uso aconteceu algo e as imagens ficaram totalmente “sem graça”. O pior é que minha impressão é meio subjetiva, então nunca consegui explica-la para algum técnico. O mesmo ocorreu com uma Sony A350. Achei até mesmo que eu estava ficando velho e que minha vista cansada estava me impedindo de fotografar bem, hehehe.
Algumas questões
No caso de Hicks é preciso perguntar se a sua D610 tem algum defeito, no entanto o fotógrafo afirma que o mesmo acontece com outra câmera similar, a anterior D600.
Para tornar sua argumentação mais sólida ainda, Hicks testa a D850 com uma lente Nikon de 1963, considerada pelo comentarista Ken Rockwell a pior lente que a Nikon jamais produziu. E não é que mesmo com essa lente a imagem ficou boa?
Pensando bem a abordagem do fotógrafo é bem sofisticada, apesar de ser simples. Ele termina o artigo dizendo que resolveu publica-lo pela quantidade de artigos e dicas dizendo aos fotógrafos que importante mesmo na fotografia são as lentes.
Segundo ele “Este artigo não trata do quanto é impressionante o sensor da Nikon D850, mas da importância de todos os sensores de câmeras digitais quando analisamos a qualidade que a objetiva parece ter. Se você está checando opiniões e fotografias de outras pessoas sobre uma determinada lente antes da compra, você precisa saber exatamente com qual corpo da câmera essas imagens foram obtidas para poder tomar decisões reais. Mesmo assim eu recomendaria alugar a lente antes e testá-la na sua própria câmera para não comprometer milhares de dólares em algo que não vai satisfaze-lo.”
E quanto a nós?
Como sempre no Brasil isso é mais difícil. Nos grandes centros até é possível alugar uma lente intercambiável para testar em sua câmera, mas o que se faz normalmente é levar a câmera até o comerciante das lentes e testar por ali mesmo. Tem gente que não gosta dessa opção (tanto comprador como vendedor) e em compras pela internet, nem pensar.
Eu confesso que já usei muitas câmeras que “prometiam muito e que não davam nada”, bem como outras simples e humildes que me deram um susto logo nas primeiras fotos, dada a exuberância da imagem. Dentre essas coloco as finadas Samsungs NX, que quando usadas com lentes melhores são espantosas. E esse também penso ser o caso das câmeras mais baratas da linha Fujifilm X, como a X-M1.
Os comentários feitos sobre esse artigo no site Petapixel chegam a ser hilariantes. A discussão tomou grandes dimensões, sendo que os leitores argumentam e contra argumentam sobre o teste de Hicks.
Enquanto um dos comentários fala até de problemas semelhantes nos antigos sensores do tipo CCD e nos filtros “anti-halation” (anti aura ou auréola) embutidos nos filmes analógicos, outros são taxativos em dizer que o sensor da D610 estava sujo, e ponto final.
Enfim, dê uma olhada nas imagens do teste feito por Hicks e tire as suas próprias conclusões. Eu desisto, hehehe.
E se você achou tudo isso uma bobagem, leia meu artigo sobre o que seria mais importante, a câmera ou o fotógrafo.
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