O milésimo artigo

Pois é, este é o milésimo artigo que eu publico aqui no Blog. Quando me dei conta de que esta marca estava chegando confesso que fiquei assustado. Como pude escrever praticamente um post diferente por dia sobre fotografia (as vezes dois) desde 2016?

É verdade que na maioria das vezes o trabalho era relativamente fácil. Eu procurava, como sempre fiz em minha vida, notícias internacionais sobre todo tipo de assunto da área fotográfica. Depois traduzia a informação, comentava, montava as imagens e divulgava os vídeos sobre aquela matéria, caso existissem.

Pensando bem, não era algo tão simples assim. Mas acho melhor contar primeiro como tudo começou até chegar neste milésimo artigo…

Um começo distante…

Desde criança eu me interessava por fotografia, mas esse nunca foi meu foco profissional a não ser quando comecei a dar aulas em faculdades que tinham esse assunto como conteúdo. Quando a fotografia digital começou a aparecer de maneira mais forte eu já estava ensinando o assunto para alunos de Artes Visuais, Moda e Design.

Não é que eu fosse um pioneiro, até porquê ninguém sabe disso fora do círculo de meus alunos daquela época, mas é porque a instantaneidade da fotografia digital era fascinante. Pela primeira vez eu podia corrigir erros fotográficos na mesma hora. Errou, fotografava novamente!

Era essa falta da necessidade da revelação e ampliação que me fascinava. Via nisso também uma forma de acelerar o ensino da fotografia para quem nunca havia fotografado. Tudo ficava mais fácil.

Aprendendo fotografia com o resto do mundo

Eu sempre tive muita curiosidade sobre o que acontece no resto do mundo e apesar de ter uma espécie de fobia por viagens (na verdade fobia da classe econômica, hehehe) sempre procurei muita informação sobre o que acontecia nos campos da tecnologia e da fotografia no exterior.

Como eu sempre li inglês muito bem, a internet permitiu que eu tivesse contato com muitas fontes de informação. Era o caso das revistas sobre fotografia internacionais, por exemplo. Ler também era algo mais fácil do que falar com estrangeiros, pois só falo inglês se estiver bêbado, e bem “drink, dranken, drunken”, hehehe!

Como não bebo, lia… E lia tudo, sobre todas as marcas de câmeras e lentes, todas as técnicas, todos os fotógrafos, todos os estilos e todas as linguagens visuais.

Meus alunos se divertiam com tanta informação, que muitas vezes saía do campo da disciplina que eu estava ensinando e a aula ia para “bem longe”. Mas para minha sorte poucos reclamavam.

Publicando o Blog

Depois de 2013, com as perturbações sociais que começaram a ocorrer no Brasil (para não dizer no mundo), o pouco de paz interior que eu tinha foi “para o brejo”, hehehe.

Eu precisava de algo que desse um pouco de sentido para as coisas de que mais gostava, porquê eu não ia sair por aí batendo em todo mundo (não tinha mais idade) nem tomar remédios “tarja preta” (que fazem o efeito contrário em mim!).

E num certo dia em 2015, andando pelas ruas perto de casa, encontrei um ex-aluno e amigo. O problema é que ando meio “gagá” e não tenho certeza exata de qual amigo ou amiga encontrei (por que vivo encontrando gente na rua). Então peço que ele ou ela me perdoem e se pronuncie, please!

Seja lá com quem foi que encontrei, isso mudou um pouco a minha vida! Na conversa casual contei para “a pessoa” alguma notícia quente sobre o mundo da fotografia que tinha acabado de descobrir em minhas pesquisas internacionais pela Internet. E então ele ou ela me propôs: “Por quê você não publica isso no Face para a gente ver?”.

Pronto, eu tinha achado o hobby que faltava para me colocar emocionalmente no eixos, hehehe!

Eu fiquei com aquilo na cabeça, mas sabia que para muitos outros ler uma notícia em inglês ou até mesmo em espanhol pode ser um desafio. E na hora me veio a ideia, como bom professor, de publicar um blog com as notícias mastigadas, traduzidas e comentadas. Sim um tradicional blog…

Começando o Blog

Eu já tinha muita experiência com webdesign e mesmo com a publicação de Blogs. O meu primeiro site foi um blog no antigo Geocities, ainda nos anos 1990.

Foi por isso que achei a empreitada simples e animadora. Comecei montando rapidamente um site com um endereço pessoal, que eu já tinha reservado fazia tempos. Naquele momento nem pensei nas implicações que essa escolha de nome teria.

Depois disso fiz minha primeira publicação, que na realidade era a republicação de um artigo que eu havia feito para outro site uns dois anos antes. O artigo falava sobre o fim das câmeras compactas digitais.

O teste me pareceu bom, digamos assim, e fiz outra republicação de um artigo onde falava sobre impressão de fotos do tipo Fine Art. Esse artigo até hoje faz sucesso…

E enfim, no terceiro post, fiz um artigo autoral bem simples, sobre essa mania que tenho de fotografar de dentro de veículos em movimento, hehehe.

Um pouco depois, no final de 2015, parei de publicar. Deixei o site montado mas com poucos artigos porquê eu estava me sentindo muito atribulado para continuar.

O Brasil (e a psicosfera em volta de mim) parecia ainda mais caótico ainda e eu fui buscar ajuda espiritual! Resultado: voltei a tocar piano de ouvido, como quando era criança, hehehe!

Pois acreditem, isso me ajudou muito…

Voltando a publicar

Em meados de 2016  comecei a publicar notícias internacionais sobre fotografia. Sim, eram posts bem simples, com poucos parágrafos e praticamente uma só imagem, mas me davam prazer e ajudavam a suportar o dia.

Comecei também a divulgar vídeos sobre técnicas como o Time Lapse ou temas como a fotografia de Ballet.

E então publiquei meu primeiro artigo mais opinativo, sobre se ainda valia a pena fotografar com uma câmera depois dela ter sido substituída pelo fabricante por uma versão mais nova, no caso a Fujifilm X-T1.

A audiência, para meu espanto, aumentava mês a mês. Isso me animava a produzir textos e imagens melhores, ser mais didático e investigativo. De qualquer maneira havia limitado meu trabalho no Blog para uma única hora diária pela manhã.

Era como rezar depois de acordar. E depois ia fazer o que tinha que fazer durante o dia, ignorando a existência do Blog até o dia seguinte.

Quanto às notícias ou temas dos artigos, eu investigava pela manhã mesmo. Ou anotava nos dias anteriores para desenvolver depois. Até hoje é assim que trabalho.

No final de 2016 o Blog já estava estabelecido com uma boa audiência, sem que eu tivesse que fazer nada mais do que divulgar os artigos nas redes sociais.

Mas a audiência continuou a subir!

Profissionalizando o Blog

Durante 2017 as visitas ao Blog subiram constantemente me obrigando a fazer uma serie de acertos ao longo do ano.

Eu ainda publicava praticamente um artigo novo por dia, mas alguns deles eram muito complexos. Num deles cheguei a desenvolver o assunto, não lembro agora qual, por quase 6 horas! Era tempo demais dedicado para algo que não dava retorno financeiro.

Voltei a me impôr um limite de tempo para o desenvolvimento de um artigo, que deveria ser de 1h30.

Outro problema foi a hospedagem do site. Tive que fazer vários upgrades tal o aumento de fluxo de visitantes. Além disso contratei uma série de serviços de proteção e backup do site, pois estava chamando atenção de gente interessada em atrapalhar.

Eu já havia implementado anúncios do Google no site mas sabia que, dado o tamanho do mercado de fotografia no país, eu não teria um retorno estrondoso. Se eu quisesse ganhar algum dinheiro com o Google teria feito um blog sobre futebol ou cerveja artesanal, hehehe.

Mas o custo do Blog não era alto. Eu fazia tudo sozinho e ao longo de, no máximo, duas horas por dia. Aquilo também estava ajudando minha autoestima. Para que querer mais?

E fomos em frente

Durante 2018 o público não parou de crescer e eu fiquei bem confortável com minha rotina. Via as notícias e publicava comentando. Produzia alguns artigos exclusivos com minhas fotos e/ou minhas ideias, sempre sem ofender ninguém e usando a melhor linguagem possível.

O mercado fotográfico internacional apostava sua sobrevivência em obrigar os fotógrafos a trocarem suas câmeras DSLR pela novas e caríssimas Mirrorless Full Frame. Enquanto isso fotógrafos e o público em geral davam boas vindas aos smartphones com câmeras múltiplas e alta qualidade de imagem.

E eu estava feliz, reportando toda essa confusão, mas triste porquê de nossa perspectiva Tupiniquim tudo isso ocorria em outra Galáxia.

Além disso as coisas no Brasil ficaram tensas novamente e eu comecei a sentir aquela onda de cansaço me rondando. Resolvi que diminuiria o ritmo das publicações e que deixaria de postar nos fins de semana e feriados, coisa que eu fazia anteriormente. Precisava descansar…

De qualquer maneira diminui meu ritmo para preservar minha saúde e ter mais tempo.

E mesmo assim 2019 foi um ano intenso para o Blog, cheio de notícias e de descobertas na área fotográfica. Eu achava que o número de visitas no site, bem como o de interessados em fotografia em geral, havia diminuído. Mas para meu espanto isso não aconteceu. O ritmo de crescimento era menor, mas eu continuava a ter mais público, mês a mês…

E isso aconteceu mesmo que 2019 tenha sido um ano no Brasil (e no mundo?) com uma sensação muito ruim, com muita tensão e falta de dinheiro no ar…

Alguns porquês?

Tem muita gente que me pergunta porquê não divulgo profissionais, sites e canais de vídeo nacionais. A resposta já foi dada lá atrás, quando contei porquê comecei o Blog.

Eu não ignoro o que se produz no Brasil, de jeito nenhum. As vezes até queria me afastar de algumas polêmicas que surgem por aqui entre os Fotógrafos YouTubers e alguns profissionais da área. Essas questões são muitas vezes movidas por essa “agressividade” verbal que estamos vivendo. Mas não dá para ficar por fora dessas notícias.

O que acontece é que meu foco no Blog é trazer informação “internacional” sobre o mercado fotográfico. A ideia é ampliar os horizontes, mostrar como as vezes até a forma de fotografar pode ser diferente da nossa em outros lugares e culturas. E sempre fazendo isso de uma maneira didática, para um público que não teria como chegar a essas informações sem ajuda.

Além do mais é bom lembrar que em um país com 70% de analfabetismo funcional, essa tarefa não é fácil.

Querem um exemplo de que não sou “americanizado” como diziam da Carmem Miranda? Eu sempre noticio quando algum Brasileiro está envolvido com algum assunto do mercado fotográfico no exterior. Eu adoro este tipo de notícia, mas não é algo fácil de achar até pela forma como é divulgada (ou mal divulgada).

Outra pergunta…

Outra coisa que vocês podem estar se perguntando é sobre “quem sou eu para falar sobre fotografia?”. E é por causa deste tipo de pergunta que nunca fico divulgando muito do que faço, qual é minha formação, ou o que já fiz.

Por muitas vezes fui obrigado a mostrar minhas “credenciais”, digamos assim, para gente cujo intuito era só “derrubar” quem estivesse em sua frente. Isso causa muito desgaste e sinceramente, nunca valeu a pena entrar nesse tipo de embate. Se você tem essa dúvida análise minha linguagem e a forma como divulgo a fotografia. E até como fotografo… Acho que isso já é suficiente para me proporcionar alguma legitimidade sobre esse o assunto, não?

Eu sou no fundo o que os ingleses chamam de “amador avançado”, hehehe. Tenho “algum” conhecimento fotográfico, de software, de tecnologia e uma linguagem fotográfica pessoal, mas meu foco é diferente do profissional.

O profissional pode muitas vezes se dar ao luxo de abandonar a fotografia por algum área que tenha mais futuro ou perspectivas de negócios. Aquilo não faz parte da vida dele. Deu dinheiro, tudo bem. Não deu, fui!

O amador não! Ele “ama” o que faz. E esse é, infelizmente, o meu caso, hehehe… Por isso cheguei no milésimo artigo.

E o futuro?

Este é meu milésimo post aqui no Blog. Muitas vezes já pensei em parar de publicar, em parar de fotografar, em parar de me interessar por fotografia.

Mas no final das contas a única coisa que tem me incomodado de verdade é que quem produz smartphones nunca pensa em nós “velhinhos”, que temos dificuldade em ler de perto os comandos dos aplicativos de foto nesses aparelhos. Eu só tenho certeza do que fotografei com meu celular quando descarrego os arquivos e vejo as imagens numa tela de 40” polegadas, hehehe.

Uma coisa que descobri ao escrever este milésimo artigo é que estou fotografando mais com meu smartphone agora do que já fotografei com alguma câmera fotográfica convencional no passado. E estou conseguindo imagens incríveis! Nem meus problemas de visão me impediram disso, então por quê desistir da fotografia ou do Blog?

Enquanto tento me adaptar a lentes de contato multifocais (coisa que não parece estar dando muito certo) vou continuar fotografando e escrevendo, como fiz neste milésimo artigo.

A transição do mercado para a tecnologia Mirrorless não terminou, as empresas tradicionais do mercado fotográfico ainda estão vivas, os smartphones todo o dia apresentam novidades que mudam a forma do publico fotografar e eu continuo me interessando pelo assunto.

Então, me aguardem para o “duomilésimo” post! (Essa palavra existe?)

Beijos, abraços e muito obrigado por estarem aqui comigo neste milésimo artigo!