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Pesquisa científica diz que fotografar prejudica a memória

Essa é boa. Uma pesquisa científica acaba de afirmar que fotografar prejudica a memória, pois as pessoas lembram mais de objetos que são apenas observados, do que de objetos que também são fotografados.

A pesquisa se chama algo como “Esqueça em um flash: uma investigação adicional sobre o dano causado ao tirar fotos”, em português (Forget in a Flash: A Further Investigation of the Photo-Taking-Impairment Effect, no original). A pesquisa pode ser lida aqui, em inglês.



A investigação, elaborada pelos pesquisadores Julia Soares e Benjamin Storm no UCSC Memory Lab, tem esse nome porquê é baseada num trabalho anterior de Linda Henkel. Essa outra pesquisadora já havia relatado em 2013 uma ligação entre o ato de fotografar e o enfraquecimento da memória.

Pesquisa científica

A Sociedade Britânica de Psicologia, ao falar sobre a pesquisa, diz que “Os fotógrafos celebram o visor da câmera como meio de nos ajudar a ver o mundo continuamente, mas a pesquisa mostrou que sob certas condições tirar uma foto na verdade dificulta a lembrança”.

 

A Pesquisa Científica

Em um dos seus experimentos nessa pesquisa científica, Soares e Storm pediram que 50 estudantes de graduação (provavelmente de psicologia) olhassem pinturas exibidas em uma tela durante 15 segundos. Os alunos foram divididos em 3 grupos.

Pesquisa científica

Aos alunos do primeiro grupo foi pedido que tirassem uma foto da pintura com seu próprio smartphone, e a mantivessem no aparelho.

Um segundo grupo foi solicitado tirar uma foto para depois apagá-la imediatamente. O último grupo simplesmente olhou para as pinturas sem ter uma câmera envolvida no processo.

Ao fazerem perguntas sobre a pintura observada descobriu-se que o grupo que apenas observava a imagem respondia melhor sobre o assunto do que aquele que havia tirado fotos. As piores respostas estavam no grupo que havia apagado imediatamente a fotografia da pintura.



Segundo os pesquisadores o comprometimento dessa memória deve estar relacionado mais com a distração criada pelo ato de fotografar do que com a intenção de registrarmos essa memória.

O ato de captar uma foto faria com que nossa mente fosse separada do processo de memória do momento presente.

Outra possibilidade é a de que o processo fotográfico dê às pessoas uma falsa impressão de que elas preservaram bem um momento através da câmera, mesmo que a foto tenha sido excluída.

 

Será?

Eu tenho minha própria “pesquisa científica” sobre o assunto.

Minha experiência pessoal é exatamente o contrário: eu só lembro daquilo que fotografo. Falei um pouco disso em um artigo anterior sobre meu processo criativo.

Por exemplo, se eu viajar e não fotografar, a memória das situações que vivi praticamente desaparecem, rapidamente. Quando fotografo consigo lembrar até mesmo das escolhas que fiz, dos momentos anteriores e posteriores à tomada da imagem e até mesmo das sensações que vivi durante aquele passeio.

Caso contrario, até mesmo as conversas, comidas e lugares vividos ficam apagados.

Pesquisa científica

Agora o que achei interessante mesmo nessa pesquisa é o texto que inicia o relatório, escrito pelo autor americano Russel Banks em 2015. Diz ele:

“Eu costumava carregar uma câmera sempre que viajava, mas quase nunca tirava fotos com ela, e pedia desculpas quando voltava para casa, até que percebi que minha relutância em apontar e clicar era realmente uma relutância em alinhar, editar e enquadrar o cair da luz da manhã contra o mar cintilante ou o rosto enrugado de uma velha vendendo especiarias no mercado, enfim, daquilo que eu estava vendo, ouvindo ou cheirando.

Era, creio eu, uma relutância instintiva em me afastar da minha experiência, uma experiência que só poderia ocorrer longe de casa e do hábito, onde as regras tanto quanto a paisagem não eram familiares.

Fotografar de alguma forma era reduzir e domesticar minha experiência e, finalmente, matá-la ”.

Bonito né… E você, o que acha?