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O fim das câmeras compactas

Ao longo de 2013 o mercado mundial de câmeras fotográficas foi assolado por notícias de queda nas vendas e de marcas consagradas saindo do mercado de câmeras compactas. Esse foi o caso da Olympus que declarou que não iria continuar a produzir sua câmeras mais baratas.

O problema das câmeras compactas digitais é interessante pois foi esse mercado que durante pelo menos 10 anos criou grande parte da riqueza do setor. Sua extinção tem a ver com a dinâmica do jogo: o smartphone surgiu e tomou a função das câmeras compactas. Iphones, Galaxys, Nokias e mesmo smartphones genéricos substituíram o papel da câmera compacta na vida dos milhões de pessoas que querem apenas registrar suas festas, suas viagens e um pouco do dia a dia sem precisar de grandes habilidades técnicas.
No começo os smartphones não apresentavam câmeras de boa qualidade mas ao longo dos anos os fabricantes foram incorporando tecnologias de ponta culminando em sensores de 8, 14, 20 e até 41Mpx. O aumento da resolução em conjunto com a incorporação de lentes de alta qualidade tais como as da linha Zeiss em conjunto com a mobilidade e o acesso nativo as redes sociais deu aos smartphones o toque final para que o público consumidor se esquecesse do “form factor” tradicional da câmera compacta.
Eu fiz essa transição há muito tempo, quando ainda era usuário de um Palm Treo 600. Sua câmera VGA era muito simples, ruim mesmo, mas a mobilidade e a possibilidade de enviar minhas imagens de qualquer lugar por email para o Flickr fizeram com que eu iniciasse meus experimentos no Diário Móvel. isso foi em 2005.
Nestes quase dez anos confesso que nem pensei em comprar uma câmera compacta digital. Utilizava um smartphone para imagens casuais e uma camera semi ou pro para trabalhos mais ambiciosos. Ao voltar no tempo lembro do que senti quando a Nokia lançou o N95. Aqueles 5mpx de resolução e lentes Carl Zeiss eram tudo que alguém precisaria por muito tempo para fazer fotos de qualidade com facilidade e mobilidade. Daí para o iPhone foi um passo.
Bem, voltando ao assunto, a industria fotográfica está em polvoroso testando algumas formas de manter seu faturamento no mesmo patamar da última década, o que está difícil. Vejamos algumas dessas tentativas:

– Onda Retrô: várias empresas como Olympus, Fuji e agora Nikon estão produzindo câmeras digitais inspiradas nas formas e no feeling que o equipamento fotográfico tinha até a década de 80. O pressuposto é o de que se há mercado para a Lomografia e para a fotografia com filme (analógica) este público vai ser atraído também por câmeras que tem o feeling analógico.

– Cameras Mirrorless: essas câmeras contam com um formato maior do que as câmeras compactas e menor que as reflex digitais. Atualmente são muito populares no japão entre os jovens e as mulheres. Contam com lentes intercambiáveis menores e mais leves e derivam seu nome do fato de não terem o famoso espelho presente nos sistemas reflex.

– Cameras reflex de entrada: algumas câmeras das linhas Canon Rebel e Nikon tiveram seus preços reduzidos no exterior visando atrair um público que não está disposto a gastar muito com equipamentos fotográficos. Já é possível encontrar câmeras deste perfil por cerca de $400,00.

– Linha retrô profissional: A Olympus foi pioneira nessa área ao relançar em 2012 sua clássica linha OM com a OM-D EM5. Minha primeira câmera reflex (obviamente analógica) foi uma OM-10 (ainda funcionando, parece nova) e fiquei emocionado ao ver uma câmera digital com o mesmo formato, empunhadura e acabamento. A empresa lançou em Outubro a Olympus OM-D EM1, reflex formato micro four thirds de alto desempenho. Já a Nikon acaba de lançar a DF (Digital Fusion), uma reflex digital com sensor full frame inspirada em sua antiga linha FM. É bom lembrar que a empresa ainda fabrica a FM-10, câmera analógica manual voltada especificamente para estudantes de fotografia.

– Cameras acessórias para smartphones: A Sony lançou um produto específico para smartphones mas que também funciona isoladamente. As câmeras DSC-QX10 e DSC-QX100 tem o formato de lentes fotográficas e podem ser anexadas a smartphones mas funcionam como câmeras totalmente autônomas. São compatíveis através de aplicativos para IOS e Android e se conectam através de NFC ou Wi-Fi. Tem alta resolução (20Mpx) e ótica de primeira linha (Carl Zeiss – Vario Sonnar).

Todas essas experiências são incipientes e só o tempo nos dirá quais delas vão florescer a ponto de manter o mercado fotográfico em constante crescimento.