Quando um arquivo de imagem corrompido vira arte
Não há maior pesadelo para um fotógrafo do que um arquivo de imagem corrompido. Acidentes ou falhas com HDs e cartões de memória são relativamente comuns e podem colocar a perder todo o seu registro fotográfico.
Essa sempre foi uma grande preocupação para mim e até já escrevi uma artigo sobre como manter suas fotografias digitais em segurança, mas um artigo do fotógrafo Mexicano Eduardo Gómez me chamou a atenção.
Em recente publicação no site Petapixel.com, Gómez contou como transformou o desastre da perda de seus arquivos em uma forma de arte.
Depois de ter sofrido com a falha de um HD portátil ele descobriu que um técnico especializado iria cobrar mais do que ele poderia pagar pela recuperação dos dados. Sendo assim, por indicação de um amigo, ele resolveu por conta própria usar um software de recuperação chamado Wondershare Data Recovery.
Eu já usei alguns desses softwares e existem vários programas desse tipo, mas como não agem sobre a parte física do problema eles podem não ser muito efetivos.
Segundo Gómez ele rodou o programa em todos os seus discos rígidos, cartões de memória e mesmo no disco rígido do laptop. Muitos arquivos foram recuperados, mas logo ele percebeu que, infelizmente, a maioria deles não poderia mais ser usada pois estavam corrompidos com um erro de interpretação e representação de dados digitais, algo bastante comuns em vídeos, áudio e fotografias digitais.
A tentativa de recuperação de quase oito mil arquivos do tipo RAW mostrava uma grande confusão, até mesmo com nomes alterados. Havia a presença nas imagens de uma falha típica desse tipo de erro: a presença de cores intensas de rosa, laranja, azul, verde, muito saturadas e texturas com linhas e listras, além de imagens combinadas de várias fotos.
Arte no arquivo de imagem corrompido
Dentro da tristeza que era ver todo um trabalho perdido, Gómez teve um “insight” quando viu uma determinada foto recuperada.
Segundo ele “vi a falha, mas eu a vi com calma e achei que não era muito feia. A foto tinha uma estética estranha, parecia o cartaz de um DJ ou alguma festa de música eletrônica. Eu definitivamente gostei e decidi olhar calmamente para as outras fotos que tiveram o mesmo efeito, separando as que eu mais gostei em uma pasta. Selecionei um pouco mais de 400 fotos.”
Sobre como selecionou as imagens, o fotógrafo declara que “…sou principalmente um fotógrafo de retratos, então as imagens que eu mais gostei foram os rostos de modelos bonitas com aquele estranho visual digital aleatório. Eu gostei da ideia de que na mesma foto se combinam rostos de duas ou mais modelos que não têm nada a ver uma com a outra, elas nem se conhecem e foram originalmente fotografados em datas completamente diferentes, mas no final elas parecem um pouco semelhantes em expressão e intenção.”
Gómez fala que não sabe se tem real mérito em criar uma série fotográfica assim, à partir de uma falha aleatória, mas ele reconhece o processo como uma forma de superar a frustração que seria ter que jogar todas as suas imagens no lixo.
Mesmo assim, em algumas fotos o fotógrafo faz uma montagem para criar mais interesse quando o defeito não foi tão “inspirador” assim, ou seja, ele não depende só do resultado do desastre, hehehe.
Bom, acho que o trabalho de Eduardo Gómez é um boa oportunidade para nos inspirar a tomar mais cuidado com nossos arquivos digitais e também a superar problemas de maneira criativa. Inspire-se!
