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Você sabe o que é Street Photography?

O hábito de andar por aí carregando uma câmera no bolso, na bolsa ou mesmo no pescoço não é mais exclusividade dos turistas mas sim uma necessidade de fotógrafos amadores e profissionais em busca daquela imagem perfeita que traduz uma era. É por isso que já faz algum tempo que imagens artísticas obtidas no cotidiano das cidades tem sido chamadas de “Street Photographies”.

Red - Foto de Garreth Bragdon, 3º colocado no Lens Culture Street Photography Award 2016
Red – Foto de Garreth Bragdon, 3º colocado no Lens Culture Street Photography Award 2016

 

No passado um repórter fotográfico procurava essas imagens por causa da sua própria profissão, caso de Alfted Eisenstaedt que trabalhando para a revista Life captou a famosa foto intitulada “The Kissing Sailor”. Na imagem um marinheiro beija uma enfermeira na Times Square ao comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.

The Kissing Sailor - foto de
The Kissing Sailor

No Brasil o trabalho de Carlos Moreira retratando a cidade de São Paulo nas décadas de 60, 70 e 80 também seria um bom exemplo de uma Street Photography ainda sem rótulo, feita por um profissional.

Aliás, a premiação do Lens Culture Street Photography Awards deste ano mostra a importância desse tipo de fotografia no Brasil. O brasileiro Fabricio Brambatti levou o primeiro lugar com uma série sobre a violência de rua em São Paulo chamada My Sweet Paradise.

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São Paulo – Foto de Carlos Moreira

Com o advento da fotografia digital ficou muito mais fácil acionar o disparador da câmera sem correr o risco de perder “a chapa”, como se dizia antigamente. Agora podemos enfim arriscar em fotos não planejadas sem o risco de gastarmos uma fortuna em filmes e revelações que não resultariam em fotografia nenhuma. Enfim, a “Street Photography” virou moda nesse início de século.

Resumindo, podemos dizer que atualmente o termo Street Photography (fotografia de rua ou fotografia urbana) é usado para dar nome ao processo que alguns fotógrafos fazem de “caçar” imagens pela cidade. As fotografias obtidas podem ter tanto um objetivo documental quanto artístico e muitas vezes são obtidas por puro acaso. O fotógrafo, seja amador ou profissional, entende esse tipo de atitude como sendo uma forma de encarar o mundo portanto ele anda sempre acompanhado da câmera ou da forma de captação de imagem que mais o agrada. É por isso que é mais fácil dizer o que não faz parte desse movimento do que delimitar com exclusividade suas fronteiras.

Foto de Swapnil Jedhe
Foto de Swapnil Jedhe

 

Para ajudar um pouco vou focar em alguns pontos chaves da Stret Photography.

  • Equipamento: vale tudo! O que importa é o conforto e a satisfação que a imagem final dá a você. Alguém munido de um celular com câmera pode obter imagens incríveis enquanto um fotógrafo profissional usando uma câmera Full Frame exposto à mesma situação (a mesma cena) pode não conseguir nada que preste. A questão primordial aqui é a sensibilidade do fotógrafo para coisas que acontecem a nossa volta e que poucos conseguem enxergar. Dito isso podemos falar do equipamento, certo? Alguns fabricantes tem linhas específicas para esse tipo de fotografia, como a Sony com sua linha RX de câmeras compactas de alta qualidade ou a Fuji que tem sua linha FX de objetivas fixas voltadas também para os fotógrafos urbanos. Alguns smartphones como o Galaxy S7 da Samsung e o iPhone 7 da Apple se prestam muito bem (mesmo) à prática desse tipo de fotografia. Agora, se você quer carregar vários quilos de equipamento nas costas e correr o risco de virar alvo de ladrões em suas andanças pela cidade prepare-se com um bom seguro tanto fotográfico quanto de saúde!
Linha Sony RX
Linha Sony RX

 

  • Temas: o tema que na fotografia urbana dá menos trabalho é o da arquitetura. Pois é, prédios e ruas não saem se movimentando por aí (normalmente…) e podemos ficar um bom tempo pensando sobre qual o melhor momento, qual a melhor luz e qual o melhor clima para captarmos as imagens. No entanto devo advertir que uma Street Photography de verdade deve ser fruto da sensibilidade e do acaso, então se você perceber de repente uma faceta de uma paisagem conhecida que você nunca viu, fotografe na mesma hora. Quanto as pessoas como tema… ah, isso pode ser um problema. A questão dos direitos autorais e da privacidade de imagem estão sendo muito discutidos no mundo inteiro e prefiro deixar para fazer um outro post sobre o assunto mas posso adiantar algumas coisas aqui. Prefira captar pessoas de maneira a que não seja possível identificar suas identidades a não ser que você tenha permissão expressa e assinada dada por elas. Isso é ainda mais importante quando fotografamos crianças. Imagens com evidente importância social e jornalística (esse é o termo) são mais justificáveis perante qualquer tipo de processo judicial mas mesmo assim use o bom senso. E na dúvida, se você conseguiu uma imagem incrível na qual você não obteve autorização dos sujeitos, consulte um advogado ou não divulgue a imagem. Faça como eu, não divulgue e deixe para ser reconhecido como um gênio da fotografia daqui a alguns séculos como é o caso da Vivian Maier! (esse caso também merece um artigo à parte).
Foto de Vivian Maier
Foto de Vivian Maier – cerca de 1950

 

  • Acabamento: Sim, esse negócio de pós processamento veio para ficar. Que tal dar um acabamento em preto e branco para suas fotos? Ou reforçar os vermelhos e amarelos? Ou colocar vinhetas ou texturas de filmes analógicos? Para os puristas isso é algo quase impensável mas as vezes a imagem que conseguimos captar naquele determinado momento não teve qualidade suficiente para retratar a cena do jeito que a gente queria. Hoje em dia é possível utilizar o Photoshop para melhorar o foco e diminuir a indefinição de imagens tremidas além dos tradicionais ajustes de iluminação e balanço de cor. As vezes o pós processamento faz a diferença entre a frustração de ter perdido uma imagem e o orgulho por ter captado uma obra prima. E não se esqueçam que aplicativos como o Instagram também tem filtros que podem melhorar muito a imagem, definindo melhor aquilo que queremos enfatizar. Eu já tive vergonha, mas agora não tenho mais de usar esses recursos.
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Av. Paulista e Tomie – Foto de Ricardo Hage, 2016 – Imagem obtida com celular Nokia 808 e alterada no Photoshop

 

Fotografar com um foco no cotidiano é como andar de bicicleta, depois que a gente aprende não esquece mais. E tem mais, a gente não quer mais saber de não ser um Street Photographer.

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