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Fotografando cemitérios no Dia de Finados

No Dia de Finados muitos de nós acreditamos que visitar a última morada de nossos entes queridos é importante. Apesar do assunto parecer mórbido os cemitérios tem uma beleza particular que nos faz muitas vezes sentir algum conforto. Essa beleza se situa em pequenos detalhes e na paisagem, coisas que não percebemos quando estamos imersos na lembrança ou na tristeza.

E quais são as possibilidades de fotografia em um cemitério? Vejamos:

 

Considerações quanto ao equipamento:

Se você não está a fim de muitos problemas leve apenas seu celular. Pois é, dependendo de como você usa-lo (e já demos algumas dicas por aqui) você pode conseguir grandes imagens sem carregar muito peso ou chamar muita atenção. Agora, se você prefere um equipamento mais dedicado, tome alguns cuidados.

Siga as regras dos fotógrafos urbanos, o pessoal da “Street Photography” ou seja, a câmera mais confortável e que você está mais familiarizado é a melhor para usar. Não adianta sair por aí com um equipamento que demande muito tempo para ajuste, ou que seja muito pesado. Você deve sempre considerar a questão da segurança para não correr o risco de ser roubado. Seja sincero: será que aquela foto promissora que você tirou anteriormente seria melhor com um equipamento mais caro?

Dito isso lembre-se, para detalhes e fotografias de flores é interessante uma lente ou câmera com capacidade Macro. É muito frustrante chegar perto do objeto e descobrir que não dá para focar a menos de 50cm.

Já para paisagens é interessante uma lente grande angular, algo abaixo de 30mm já é suficiente. Por exemplo, uma Nikon com lente integrada como a P900 começa ao equivalente a 24mm o que já é suficiente para boas panorâmicas. Se você usa uma DSLR formato APSC da Canon uma lente muito boa é a EF-S 10-18mm que tem até estabilizador de vibração.

Vista do acesso ao túmulo de Eva Perón no cemitério da Recoletta em Buenos Aires
Vista do acesso ao túmulo de Eva Perón no cemitério da Recoleta em Buenos Aires

Considerações quanto ao local:

Existem cemitérios que são atrações turísticas pela sua história ou pelas pessoas que nele estão sepultadas. Esse é o caso do Cemitério do Père-Lachaise em Paris ou do Cemitério da Recoleta em Buenos Aires. Além dos túmulos impressionantes em riqueza e detalhes sua história faz com que nos deparemos com o sepulcro de personagens que conhecemos apenas pela escola ou pela mídia.

Esses espaços, muitas vezes tomados pelos turistas, não criam problemas maiores para quem quer fotografar. Normalmente já não tem muito daquele clima de contemplação que faz com tenhamos mais respeito com o ambiente sagrado. Mesmo assim vale a pena algumas considerações.

Fotografe pessoas apenas se você tem certeza do que está fazendo, é muito mais fácil convencer um turista de que ele está num espaço público do que alguém que vem visitar o túmulo de um ente querido. E mesmo assim saiba como as leis locais regulam este tipo de fotografia, alguns países como a França andam proibindo isso por lei.

Procure os detalhes, nesses cemitérios antigos existem muitas obras de arte que valem a pena como objeto da fotografia. Use as panorâmicas e paisagens a seu favor para evitar individualizar as pessoas que estão visitando o lugar.

Existem também cemitérios muito importantes mas que não tem tantos personagens históricos sepultados ali. São espaços em que o componente humano chama muita a atenção, tanto os vivos quanto os mortos. Alguns cemitérios são tão grandes que no dia de Finados é possível encontrar multidões orando, cuidando dos túmulos ou simplesmente recordando os parentes. Nesses casos o fotógrafo pode muito bem passar despercebido. Nesses lugares os pequenos detalhes como vasos de flores e fotografias nos túmulos podem dar um bom resultado fotográfico. As vezes túmulos mal conservados, a vegetação crescendo livremente ou situações inusitadas também criam objetos de interesse fotográfico. Aqui vale todos os conselhos para a fotografia em cemitérios “turísticos” com mais atenção ao cuidado com as famílias e seus sentimentos.

Já num cemitério sem grande movimentação como os de pequenas cidades um fotógrafo pulando de “cova em cova” procurando por detalhes e enquadramentos interessantes chama muito a atenção. O melhor nesses casos é informar algum responsável pelo local ou até mesmo pedir permissão para fotografar explicando seu interesse. Caso haja pessoas visitando os túmulos você também pode se comportar como um jornalista abordando-as com cuidado e perguntando se não gostariam de participar da fotografia. A boa vontade funciona sempre.

Entrada do Cemitério de Jaguariúna, São Paulo
Entrada do Cemitério de Jaguariúna, São Paulo

 

Considerações quanto a fotografia:

Cada cemitério tem sua arquitetura e sua paisagem. Nos cemitérios mais antigos é quase que compulsório pensarmos a foto em Preto e Branco. É como se aquele ambiente estivesse datado por uma forma de representação mais antiga e acabamos caindo nisso. A fotografia em Preto e Branco traz uma dramaticidade a cena que é muito bonita. Tente aproveitar os contrastes entre o claro e o escuro, as texturas do materiais e o céu como moldura da paisagem.

Quanto a cor ela também pode ser muito importante. Um céu azul límpido pode ser mais efetivo na construção de uma boa fotografia do que o mesmo céu monotonamente branco ou acinzentado numa foto monocromática. As pessoas e suas roupas podem sinalizar visualmente as fronteiras entre vida e morte ao acentuarmos esse contraste pelos tons dos túmulos.

No dia de finados um dos componentes que surgem com toda as força nos cemitérios são as flores. Aproveite, mesmo que você queira fazer um ensaio fotográfico profissional em estúdio você nunca poderá contar com tamanha quantidade e variedade de flores. As cores e a luz desse dia podem criar situações que você não encontraria no “cotidiano” do cemitério.

Enfim use sempre o bom senso e aproveite um pouco mais da possibilidade que o dia de Finados nos dá.